"Com o desafio da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura, vamos pensar até 2027", afirmou a diretora da companhia, Isabel Craveiro, realçando que quer provocar uma discussão quer no teatro quer no público, em torno desse desígnio.

Isabel Craveiro salientou que "os discursos são sempre difíceis na cidade", tendo os agentes culturais também "alguma responsabilidade em provocar essa discussão e testar e experimentar possibilidades".

"Nós temos que fazer parte dessa discussão, mas também conseguir contaminar a população", notou Isabel Craveiro, que falava durante a conferência de imprensa da apresentação da programação para 2021 d'O Teatrão.

Num momento em que se encerra um ciclo de programação de quatro anos, a companhia vai também apresentar os últimos momentos de vários programas feitos ao longo do quadriénio, sendo um deles o "Okupas", em que uma estrutura externa é desafiada a programar um fim de semana da Oficina Municipal do Teatro (OMT), o espaço d'O Teatrão.

Entre 30 e 31 de janeiro, a OMT é 'ocupada' pela Terra Amarela, liderada por Marco Paiva, que aborda as questões de acessibilidade, trabalhando com elencos com algum tipo de incapacidades.

Também este ano, arranca o projeto "A meu ver", apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação La Caixa, que pretende construir um grupo de teatro com utentes da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), ao mesmo tempo que quer refletir sobre a acessibilidade aos espaços culturais da cidade, afirmou Isabel Craveiro.

Entre 11 de março e 1 de abril, a OMT acolhe a nova criação para a infância, "Ilse, a menina andarilha", uma peça em torno da obra de Ilse Losa que é também o último espetáculo de um ciclo de criação que trabalhou autores portugueses.

Em junho, deverá estrear uma peça da companhia a partir da obra "Da Família", de Valério Romão, em que O Teatrão quer falar da família e de como as últimas décadas, "marcadas por um ciclo neoliberal", alterou o núcleo "mais essencial", contou a responsável.

Também em 2021, a companhia vai apresentar "outro projeto de grande escala", com a participação do dramaturgo Jorge Palinhos, que vai abordar a memória da Guerra Colonial, a partir de depoimentos dos combatentes.

De acordo com Isabel Craveiro, em setembro é também apresentado o segundo espetáculo criado a partir do projeto comunitário em torno do Vale da Arregaça, e que desta feita será centrado no "valor do trabalho".

Um seminário da Rede Artéria, em Belmonte, para discutir as potencialidades dos territórios de baixa densidade, o 5.º ciclo de trabalho com instituições particulares de solidariedade social e uma extensão do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) são outras das propostas para o ano de 2021.

Para Isabel Craveiro, face à pandemia e à crise social que se instalou, "as pessoas estão desesperadas por terem alguma coisa e por terem atenção", salientando que a situação está "a ter um impacto profundo" na saúde mental.

"Programar cultura é sempre importante, mas hoje é mais urgente", disse.