O historiador de arte e académico António Filipe Pimentel vai dirigir o Museu Calouste Gulbenkian, e o curador e crítico de arte francês Benjamin Weil vai dirigir o Centro de Arte Moderna (CAM), anunciou hoje (10) a Fundação Calouste Gulbenkian.
António Filipe Pimentel, que dirigiu o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, durante dez anos, e Benjamin Weil, crítico de arte e atual diretor artístico do Centro Botín, em Santander, Espanha, foram escolhidos na sequência de um processo de recrutamento internacional, indica a fundação.
Este processo, levado a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian nos últimos meses, depois de anunciada a saída da anterior diretora, a britânica Penelope Curtis, foi realizado com o apoio de uma empresa internacional especializada em recrutamento para instituições culturais, indica ainda a instituição, em comunicado.
"A decisão do Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian teve em conta o perfil de excelência dos dois candidatos, e a sua adequação à especificidade do Museu Calouste Gulbenkian e do Centro de Arte Moderna", justifica a Gulbenkian.
Numa altura em que vão iniciar-se as obras de renovação do Centro de Arte Moderna, que darão forma ao projeto desenhado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, a entrada de dois novos diretores "representa um reforço do investimento da Fundação quer no Museu Calouste Gulbenkian quer no Centro de Arte Moderna", sublinham.
António Filipe Pimentel, citado pela Gulbenkian, no comunicado, diz-se "honrado e seduzido com o desafio, naturalmente irresistível" de projetar a sua experiência “ao serviço do estudo, preservação e divulgação de uma coleção de referência internacional, para cuja salvaguarda foi criada uma das mais prestigiosas instituições do seu género em todo o mundo".
Realça ainda a “relevância na própria projeção nacional e internacional" da Fundação Calouste Gulbenkian "enquanto marca" e reforçando, nesse sentido, "a bondade de operar transversalmente com as outras áreas de ação da Fundação".
Por seu turno, Benjamin Weil foi escolhido para "definir o rumo do novo ciclo de vida" do Centro de Arte Moderna (CAM), que, em 2022, "reabrirá com um fôlego e programação renovados, depois das obras de ampliação a sul do Jardim Gulbenkian".
Sobre o novo cargo para o qual foi convidado, Benjamin Weil, também citado no comunicado, diz-se "encantado por poder integrar a missão generosa da Fundação Gulbenkian através do Centro de Arte Moderna”, considerando que as obras de extensão do edifício, que o mantêm atualmente encerrado, "oferecem uma oportunidade para a instituição se reinventar e construir um futuro dinâmico, criar e estreitar laços de colaboração com outras áreas da Fundação, e explorar novos modos de se dar a conhecer e de atrair novos públicos".
Nascido em 1959, António Filipe Pimentel é doutorado em História de Arte e professor no Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde também exerceu o cargo de pró‐reitor para o património.
Durante quase uma década (2010-2019) foi diretor do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, depois de já ter exercido as mesmas funções no Museu Grão Vasco, em Viseu.
"Colocando ênfase na investigação, conservação e restauro, sob a sua direção, o MNAA conheceu um período de excelente programação e de grande sucesso no número de visitantes nacionais e estrangeiros", salienta a Gulbenkian sobre Pimentel.
Atualmente, entre os vários cargos que ocupa, estão o de correspondente nacional académico da Academia Nacional de Belas Artes, membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa e investigador associado do Centro de Arte e Património Universitário da Universidade de Salamanca, no Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa, e do Centro de Estudos em Arqueologia, Arte e Ciências do Património das universidades de Coimbra e do Porto.
Em 2014, "quando Benjamin Weil aceitou o convite da Fundação Botín, o Centro Botín encontrava-se ainda em construção”, e o trabalho que Weil desenvolveu "foi fundamental para colocar o centro no mapa artístico internacional", lê-se no comunicado da Fundação Calouste Gulbenkian.
Desde a abertura, em 2017, até hoje, foi desenvolvido um programa que incluiu a curadoria de novos projetos de Joan Jonas e Martin Creed, bem como a apresentação de exposições de Carsten Holler, Julie Mehretu e Alexander Calder.
Benjamin Weil nasceu em 1962 e iniciou a sua carreira em Nova Iorque, nos anos 1980, após a graduação na Whitney Independent Study Program, tendo trabalhado no Institute of Contemporary Arts (ICA), em Londres, e também no Museu de Arte Moderna de São Francisco.
Ao longo da sua vida profissional, Benjamin Weil tem estabelecido várias colaborações e relações de proximidade com artistas, curadores, galeristas e colecionadores portugueses.
Em 2017, foi curador da exposição “Untitled (Orchestral)” de João Onofre, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, e presentemente, sob a sua direção, o Centro Botín, situado num edifício projetado pelo arquiteto Renzo Piano, apresenta a exposição “Arte e Arquitetura: um Diálogo”, que inclui obras de artistas portugueses como Julião Sarmento, Leonor Antunes, Carlos Bunga e Fernanda Fragateiro.
Penélope Curtis esteve na Gulbenkian ao longo de cinco anos, tendo terminado o mandato em agosto deste ano, depois de ter unido o museu e o CAM numa mesma unidade, os Museus Gulbenkian - Coleção do Fundador e Coleção Moderna.
O Museu Calouste Gulbenkian alberga a chamada Coleção do Fundador, reunida por Calouste Sarkis Gulbenkian ao longo da sua vida (1869-1955), e o Centro de Arte Moderna a coleção de Arte Moderna e Contemporânea, que começou a ser constituída na década de 1950, com a aquisição de obras de artistas portugueses e estrangeiros contemporâneos.
A Coleção do Fundador totaliza mais de seis mil peças, desde a Antiguidade até ao início do século XX, incluindo Arte Egípcia, Greco-romana, Islâmica e do Extremo Oriente e ainda Numismática, Pintura e Artes Decorativas europeias.
A coleção do Centro de Arte Moderna reúne a maior e mais completa coleção de arte contemporânea portuguesa, bem como um importante núcleo de arte britânica do século XX.
De Amadeo de Souza-Cardoso a Vieira da Silva e Paula Rego, esta coleção mostra alguns dos artistas portugueses mais prestigiados internacionalmente.
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