A exposição revela “uma faceta menos conhecida da soberana”, disse à agência Lusa o diretor do Palácio Nacional da Ajuda (PNA), José Alberto Ribeiro, referindo que a mostra surge no âmbito de uma política sua, que é “mostrar o acervo do Palácio Nacional da Ajuda e dos seus interiores decorativos”.

Quanto aos dotes artísticos da rainha, o diretor do PNA, afirmou que, em algumas obras, a qualidade demonstrada é “surpreendente”.

Sonbe a exposição, José Alberto Ribeiro afirmou que “é muito heterogénea a obra da rainha, com uma qualidade, em algumas [das obras], surpreendente, em que se percebe que vai desenvolvendo o seu sentido estético e artístico, e que estendeu mais tarde este mesmo gosto de aprendizagem à fotografia”.

“Notamos nas suas obras uma abordagem e uma sensibilidade numa prática muito ligada à pintura e ao desenho ao ar livre, sendo que era muito atualizada pelas revistas e os livros que lia”.

Em exposição estarão obras desde o início dos estudos artísticos da rainha, que chegou a Portugal, casada por procuração, com quase 15 anos, até finais do século XIX. A rainha Maria Pia morreu em Turim, em 1911, aos 63 anos.

Refira-se, realçou José Alberto Ribeiro, que a rainha “nunca deixou de pintar até ao final da vida”.

A exposição divide-se em dez núcleos, desde “influências e aprendizagem”, até ao dedicado ao Palácio da Ajuda, que “é um motivo de exercício constante para esta monarca”, passando por outros como “as obras em Itália, enquanto princesa de Saboia”, “atração pela natureza e a paisagem”.

Na coleção de fotografia, “há os registos de compras das máquinas fotográficas, em Paris, ao estúdio Nadar, livros de revelação fotográfica, e sabemos hoje que havia uma câmara escura no palácio da Ajuda, o que são absolutas novidades”.

"Álbuns de desenho e estojos de pintura pontuam cada uma das salas, assim como herbários constituídos pela rainha, ainda quando solteira".

O responsável chamou ainda à atenção para a “documentação inédita” que é revelada no catálogo da exposição, uma parceria editorial do PNA com o Imprensa Nacional-Casa da Moeda, e “que propõe um olhar diferente sobre a rainha, que ficou muito denegrida pela propaganda republicana”, disse o autor, que sublinhou “o sentido de Estado” de Maria Pia, que “teve um papel relevante na área diplomática, na defesa dos interesses de Portugal”.

A exposição, na galeria D. Luís do Palácio da Ajuda, em Lisboa, está aberta ao público a partir de sexta-feira, até 21 de abril do próximo ano.