Os Dealema regressam este sábado ao Hard Club, no Porto, para um concerto com banda, no qual vai estar à venda a reedição do disco de estreia do coletivo, que já começou o ‘brainstorming’ para novo álbum.

O primeiro concerto com banda, em dezembro do ano passado, no Pérola Negra, esgotou, deixando à porta aqueles que não chegaram a tempo para comprar bilhete e, desde aí, a banda tentou compensar com uma data na “mítica sala que é o Hard Club”, disse, em entrevista à Lusa, Mundo Segundo.

“Decidimos acrescentar alguns temas ao repertório e levar alguns convidados para o tornar ainda mais especial. É uma responsabilidade maior quando jogas ‘em casa’, as pessoas já te viram um monte de vezes. Não há o fator-surpresa como quando vais a outra parte do país, em que as pessoas te veem de três em três anos. Sei que muitas pessoas vão assistir pela primeira a Dealema com banda”, revelou.

A reedição de “Dealema”, de 2003, era algo que a banda já queria fazer há algum tempo, agora com ajuda da editora Valentim de Carvalho, depois de o álbum estar esgotado há muitos anos, sendo uma peça de coleção que é vendida em plataformas ‘online’ por preços exorbitantes, como contou o músico.

“Vai ser uma reedição muito limitada. Fizemos um número pequeno para ser especial a essas pessoas que vão ver Dealema ao vivo com banda, no Hard Club, e levarem uma peça de coleção que conta uma história do hip-hop nacional. Não quero ser presunçoso, mas o número de bilhetes comprados já é maior do que o número de cópias, portanto poderá nem sequer chegar a estar [à venda] ‘online’. Se todos decidirem comprar uma cópia, acabou”, apontou.

Nesse disco de estreia, a oportunidade e condições da editora eram boas, o que agradou o coletivo, mas, no avanço para o segundo disco, as duas partes tinham visões diferentes e “cada um foi para seu lado”.

“Sinceramente, foi a melhor coisa que fizemos porque acabamos por crescer em número de vendas em formato independente. A questão digital é muito boa para o músico independente, porque não tem intermediários e diminui o espaço entre o músico e o público”, afirmou.

Segundo o ‘rapper’, esta nova maneira de vender música através de plataformas permite fazer uma melhor gestão de receitas, geradas pelas vendas, o que considera ser “um passo muito positivo”, tendo em conta que “a venda massiva de CD foi decaindo”.

Depois de “Alvorada da Alma”, de 2013, o grupo tem estado em pausa, a “absorver ideias” e a não “cair no erro de fazer discos para estar à altura dos padrões da indústria”, aproveitando para ter novas experiências, porque a música “bebe muito da realidade” dos elementos.

Depois de um desafio proposto por Mundo a Maze, Fuse, Expeão e DJ Guze, o grupo voltou a juntar-se para fazer algo que não fazia há mais de 10 anos: juntar os cinco na mesma sala e criar uma música no momento.

“Ficámos muito contentes com o resultado final e isso catapultou-nos para voltar a pegar no caderno. Já tenho um monte de produções feitas e agora é o momento em que vamos fazer o ‘brainstorming’ para perceber que filme queremos desenhar no próximo disco, porque vamos atrás de um conceito. Estamos nesse momento perceber que direção queremos tomar”, explanou.

Um tema está “feito e embalado”, mas não vai ser estreado no concerto porque falta ainda a mistura e masterização, tratando-se de um grupo experiente que não vai “atrás do que a indústria pede” e que faz o que lhe apetece e não o que “obrigam a fazer”, tendo aprendido a “canalizar energia de forma concreta”.