
No domingo, o cineasta norte-americano Wes Anderson trouxe ao Festival de Cannes o seu mais recente elenco de primeira linha, liderado por Benicio del Toro, aumentando o número de estrelas na passadeira vermleha à medida que termina a primeira semana de competição.
O tipicamente excêntrico "O Esquema Fenício" que também tem papéis para Tom Hanks, Scarlett Johansson e Mia Threapleton, filha de Kate Winslet, está na disputa pelo prémio principal em Cannes.
O filme conta a história do magnata europeu Zsa-zsa Korda, interpretado por del Toro, que procura legar o seu império comercial fictício à filha temente a Deus de quem está afastado.

A personagem de del Toro é vagamente baseada no sogro libanês de Anderson.
"Ele era um tipo de pessoa completamente diferente, mas era um engenheiro e bastante alfa", disse o cineasta à France-Presse.
"O relacionamento dele com a minha esposa é provavelmente o ADN do filme. Um dia, ele disse-lhe: 'Preciso contar-te como funciona o meu negócio porque não viverei para sempre'".
Mas "a maneira como ele lhe contou sobre o seu negócio foi abrir um armário e começar a tirar caixas de sapatos e dizer: 'Este é o projeto que estamos a fazer na Arábia Saudita. Este é o projeto que estamos a fazer em Gibraltar'", acrescentou.
"Ela chegou em casa e disse: 'Isto é de loucos'. Portanto, tudo isso entrou no filme", disse o criador de sucessos peculiares como "Asteroid City", "Grand Budapest Hotel" e "The Darjeeling Limited".
Como o filme de Anderson sempre está recheado de estrelas, a estreia na passadeira vermelha estava concorrida, com Edward Norton, Julianne Moore, Benedict Cumberbatch e o realizador vencedor dos Óscares Guillermo del Toro também na cidade, além de Bill Murray, Jeffrey Wright, Michael Cera, Rupert Friend e Charlotte Gainsbourg.
Favorito é de realizador ucraniano

As também estrelas Jennifer Lawrence e Robert Pattinson também estiveram na Croisette no domingo, um dia após a estreia do seu filme "Die, My Love", da realizadora escocesa Lynne Ramsay, também em competição.
Já a australiana Nicole Kidman recebeu o prémio Kering Women In Motion, onde lamentou o número ainda "incrivelmente baixo" de mulheres realizadoras na indústria cinematográfica.
"O Esquema Fenício", de Anderson, também faz parte dos 22 filmes que concorrem à Palma de Ouro de Cannes, que termina no sábado.
Os favoritos da crítica da primeira semana incluem o drama alemão "In die Sonne schauen" ("Sound of Falling"), sobre o trauma intergeracional entre um grupo de meninas e mulheres numa fazenda isolada no norte da Alemanha, ao longo de décadas, e o 'thriller' experimental "Sirât", um 'road movie' apocalíptico ambientado em Marrocos com ares de "Mad Max".

De acordo com uma análise das classificações da revista Screen, o favorito nesta fase é um drama contemplativo sobre justiça e crueldade na União Soviética chamado "Two Prosecutors" ["Dois Promotores"], do realizador ucraniano Sergei Loznitsa, sobre o ingénuo pedido de uma investigação por maus-tratos apresentado por um jovem procurador recém-nomeado na Rússia soviética de 1937 dominada por Estaline.
"A sociedade russa de hoje é diferente da sociedade soviética do século XX, mas a essência é a mesma", disse o realizador de 60 anos à France-Presse no início desta semana.
"A Esquema Fenício" foi elogiado pela publicação especializada The Hollywood Reporter como um "quebra-cabeças narrativo comovente", enquanto a Variety chamou-lhe "denso, mas inegavelmente agradável".
Scarlett Johansson não esteve na passadeira vermelha no domingo, mas apresentará a sua estreia na realização — "Eleanor the Great" — ao público na segunda-feira.
Estreia da Nigéria

No domingo, também teve lugar a antestreia do primeiro filme nigeriano num espaço oficial em Cannes.
"My Father's Shadow" ["A Sombra do Meu Pai"], a longa-metragem de estreia do novato Akinola Davies, decorre durante um golpe de Estado em 1993, um momento crucial na história recente da Nigéria, quando os militares anularam as eleições e o General Sani Abacha finalmente assumiu o poder.
A passadeira vermelha teve a distinção de contar com a Ministra da Cultura, Hannatu Musawa, a liderrar a grande e elegante presença nigeriana.
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