A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) juntou-se ao Centro de Estudos Ingleses de Tradução e Anglo-Portugueses (CETAPS, na sigla em inglês), da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, para organizarem um congresso que assinale o 250.º aniversário do nascimento de William Wordsworth (1770-1850), um dos mais famosos poetas britânicos.

No mesmo dia, será inaugurada uma pequena mostra dedicada às traduções e edições da obra do bardo romântico em Portugal, que vai estar patente durante um mês na Sala de Referência, com entrada gratuita.

O congresso vai contar com a participação de estudiosos e tradutores portugueses da sua obra, que vão analisar a vida, a obra e o legado intelectual, literário e até turístico de William Wordsworth e do seu círculo de amigos e familiares.

Na abertura do congresso, que decorre entre as 16:00 e as 19:00 no Auditório da BNP, Rogério Miguel Puga, do CETAPS, fará uma abordagem ao poeta na perspetiva “das letras à iconografia”, a que se seguirá a leitura de duas traduções para português do poema “Daffodils: Narcisos”, traduzido por Ana-Maria Chaves (Universidade do Minho), e “Passava só como uma névoa”, com tradução de Daniel Jonas (Assírio & Alvim).

Seguir-se-á uma intervenção de Paula Alexandra Guimarães, professora da Universidade do Minho, que falará sobre a “marginalidade na poesia de William Wordsworth: o Bardo sobre Guerra, Imaginação, Idiotas e Animais”.

“William Wordsworth em Diálogo Escocês”, por Jorge Bastos da Silva, do CETAPS, da Universidade do Porto, é o painel que se segue, antes de uma preleção por Miguel Alarcão, do CETAPS da Nova, sobre Edward Quillinan (1791-1851) - poeta inglês nascido no Porto, genro e defensor de William Wordsworth e um tradutor de poesia portuguesa -, subordinada ao tema “tudo o que (não) escrevi”.

João Paulo Ascenso Pereira da Silva, também do CETAPS da Nova, vai debruçar-se sobre o tema “A musa silenciosa: Dorothy Wordsworth [filha de William Wordsworth] e a génese de Lyrical Ballads”, a que se seguirá uma reflexão por Susana Margarida Rosa, professora do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa, sobre “William Wordsworth, ou a poesia que nasce do silêncio”.

Daniel Jonas, que traduziu para português uma antologia de poemas escolhidos de William Wordsworth, publicada pela Assírio & Alvim, vai falar sobre essa mesma tarefa de traduzir o poeta inglês para língua portuguesa.

A encerrar o congresso, a professora Maria Zulmira Castanheira, do CETAPS da Nova, vai debruçar-se sobre o círculo de amigos de William Wordsworth, em particular “Robert Southey, o primeiro lusófilo inglês”, e novamente Rogério Miguel Puga falará sobre o tema “esteticizar a identidade nacional e a liberdade através dos afetos: The Convention of Sintra, de William Wordsworth”.

No mesmo dia em que decorre este congresso e se inaugura a exposição dedicados ao poeta, chega às livrarias portuguesas o livro “Diário de uma Viagem a Portugal e ao Sul de Espanha”, de Dorothy Wordsworth (1804-1847), editado pela Asa.

A filha do escritor visitou Portugal, entre 1845 e 1846, com o seu marido, Edward Quillinan, nascido no Porto, e, em 1847, publicou em Londres um diário sobre a viagem, intitulado “Journal of a few months’ residence in Portugal, and glimpses of the south of Spain”.

Este relato não era republicado desde o século XIX.

Dorothy Wordsworth Quillinan tinha 39 anos quando se casou, contra a vontade do pai, com Edward Quillinan, um oficial britânico, nascido em Portugal, que traduzia para inglês os poetas portugueses.

No dia 7 de maio de 1845, partiram de Southampton, no vapor Queen, rumo ao Porto.

“O diário dessa viagem é um documento único sobre o Portugal de mil e oitocentos. O poder de observação da autora, o seu sentido de humor e as comparações com o mundo de onde veio conferem à narrativa uma memorável perspetiva sociológica”, descreve a editora.

Os portugueses são vistos com inegável ternura, mas o relato é equilibrado no elogio e na crítica, particularmente feroz quando se dirige às elites.

A autora percorre grande parte do Norte e Centro, de Guimarães a Valença, de Castro Daire a Viseu, navega ao longo do Douro e do Lima, visita igrejas e monumentos, florestas e vinhas, até acabar, deslumbrada, em “Cintra e Colares”.

Ao longo do diário, Dorothy Wordsworth deixa transparecer que se espanta com o trabalho de madeira, fica horrorizada com as estradas portuguesas, apaixona-se pela fauna e flora e intriga-se com a gastronomia.

Cita ainda poetas portugueses, de Camões a Gil Vicente, e evoca escritores britânicos como Lorde Byron.

William Wordsworth, um dos Lake poets, publicou, com Samuel Taylor Coleridge (ambos foram considerados fundadores do romantismo em Inglaterra), “Lyrical ballads” (1798, 1800), “The prelude” (1799-1850), poemas como “Lines composed a few miles above Tintern Abbey” e “Daffodils”, e foi uma celebridade literária no final do século XVIII e início do século XIX, conhecido pela representação da (sua relação próxima com a) natureza.

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