No passado dia 22 de novembro, em reunião privada, o executivo municipal da Câmara de Lisboa viabilizou por unanimidade, a atribuição do topónimo “Jardim Zé Pedro” ao Jardim à Rua General Silva Freire, nos Olivais, homenageando o músico Zé Pedro, guitarrista e fundador do grupo de rock português Xutos & Pontapés, que faleceu aos 61 anos, em 30 de novembro de 2017, em Lisboa.
A recomendação foi apresentada inicialmente em maio e resultou da apreciação de uma petição “pela atribuição de um topónimo (rua, praceta, jardim) em homenagem ao músico Zé Pedro, de preferência na freguesia de Olivais”, que contou com cerca de 1700 assinaturas, para perpetuar a memória deste membro da banda Xutos & Pontapés no bairro onde morou em Lisboa.
A atribuição de um topónimo pretende ser um reconhecimento a Zé Pedro “pela personalidade de grande consciência cívica e pelo contributo cultural desenvolvido em vida”, de acordo com a petição, apresentada por um grupo de amigos da freguesia de Olivais.
José Pedro Amaro dos Santos Reis - Zé Pedro - morreu em 30 de novembro de 2017, aos 61 anos.
Em maio, vestido com uma ‘t-shirt’ preta com o símbolo da banda Xutos & Pontapés estampado a vermelho, o peticionário Fernando Antunes disse que “a ideia de criar um espaço ajardinado e de convívio com o nome do músico e amigo Zé Pedro partiu de um grupo de amigos que com ele conviveram em vida e que pretendem render-lhe justa homenagem, através da atribuição de um topónimo, com o intuito de preservar a sua memória e inspirar as gerações futuras pelo seu exemplo de amizade, intervenção social e cultural no bairro onde viveu e que tanto contribuiu para a vida quotidiana que o caracteriza de convívio social, intergeracional, liberdade, amizade e paz”.
Tendo em conta a dificuldade em encontrar uma rua, praceta ou jardim na freguesia de Olivais sem que seja eliminado o topónimo existente, os peticionários sugeriram que fosse escolhido o local onde residia na zona da Rua General Silva Freire, junto às entradas da estação do Metro da Encarnação, “onde existe uma zona ajardinada com uns arcos”, e que “seja concebido um jardim com o seu nome, dotando esse espaço com mesas e cadeiras e parque infantil, e que junto aos arcos o antigo aqueduto da Quinta de São João da Panasqueira seja construído um pequeno palco em betão ou ‘deck’ que possa ser aproveitado para pequenos espetáculos de música, dança ou teatro”.
Helena Reis, uma das irmãs do músico, disse que toda a família foi feliz na freguesia de Olivais, “em especial o Zé Pedro, que juntou os sonhos à vida e tudo começou ali, é famosa a história da garagem dos Olivais”.
Afirmando que o irmão tinha “o maior orgulho em espalhar aos quatro ventos que era dos Olivais”, Helena Reis contou que no final dos concertos dos Xutos & Pontapés havia fãs que diziam que eram dos Olivais, “quase como uma senha” para passar à frente da multidão que esperava o contacto com os músicos.
“Eram tantos, tantos, que usaram este truque que uma noite me lembro de ouvir o Tim desabafar bem disposto: Epá, ele há mais gente nos Olivais do que no Alentejo inteiro”, partilhou a irmã de Zé Pedro, acreditando que o músico “vai adorar ter o nome dele num jardim, o jardim Zé Pedro vai ser uma festa para nós”.
De forma consensual, todos os deputados municipais, de diferentes forças políticas, da esquerda à direita, concordaram com a homenagem a Zé Pedro na toponímia da cidade, com a maioria a contar histórias que partilharam com o músico da banda Xutos & Pontapés.
Em representação da Câmara Municipal de Lisboa, o vereador da Cultura, Diogo Moura (CDS-PP), agradeceu a iniciativa “tão importante” de propor a atribuição de um topónimo com o nome do Zé Pedro,
“Há um amor enorme da cidade de Lisboa e dos portugueses pelos Xutos & Pontapés e também em particular pelo Zé Pedro”, indicou o vereador em maio, referindo que na Comissão Municipal de Toponímia há várias propostas com o nome do Zé Pedro, desde o seu falecimento, nomeadamente para um jardim no Areeiro, uma rua no bairro São João de Brito e uma rua principal do Parque da Bela Vista.
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