À terceira é de vez, já diz o ditado luso. O duo de Baltimore, com uma vocalista bem francesa que ainda dá alguns erros em inglês, marcou presença no Hard Clubno passado domingo, desta vez em formato de trio cantante.

Para abrir o concerto, apresentou-se em palco o atual companheiro de digressão, Marques Toliver, um one-man-show que, apenas com um violino eletrónico, deixou de coração derretido todo o público que, a pouco e pouco, entrava a meio da actuação para encher a sala, entretantolotada, do Hard Club.

Nem um minuto a mais passava da hora marcadaquando o duo (ou trio, neste caso) pisou o palco da sala da Invicta, depois de uma noite atribulada em Lisboa, à custa dos fotógrafos presentes. Ao que parece,os Beach House são felizes, desde que não lhes tirem fotografias e que não tenham câmaras muito perto das suas caras.

“Wild” abriu as hostilidades, dando o mote para um concerto em que as sonoridades estilizadas e sintetizadas tiveram o papel principal. Aos poucos, e com um público bem tímido quase do início até ao fim do concerto, a intensidade e o calor humano foram subindo, entrando a temperatura numa ebolição aceitável, com a voz de Legrand a tomar conta do pouco espaço livre que ainda sobrava à sala.

De "Teen Dream", álbum de 2010, ouviu-se “Norway”, remetendo o público à primeira década do novo milénio. Já com “Lazuli” ouviram-se os primeiros sinais de vida da plateia, comos impulsos dos presentes a tornaram-se mais vivos, mais sagazes.

Sem tempo para grandes conversas - só a meio do concerto, finda a oitava música do alinhamento,ouvimos a voz de Victoria separada das melodias, para um cumprimento geral ao público - e com movimentos quase inexistentes, quase a roçar o tédio, a banda apresentou-se com todas as atenções concentradas nas canções.

Em “Zebra”, mais do público se ouviu. Os sucessos mais vincados dos Beach House evidenciavam-se, quando do público arrancavam palmas, assobios e gritos de contentamento. Com “Myth” foi igual, despoletando o tema o mesmo sentimento e a mesma reacção de todos os presentes, ou não fosse essa uma das músicas mais aguardadas de toda a noite - uma escolha inteligente para fechar o espetáculo.

Minutos mais tarde, ovações atrás de ovações pediam um regresso dos americanos, para um encore, que viria a sercomposto por três músicas. “Thank you for this night, we won’t forget”, assegurou Legrand numa das poucas interacções com o público, antes de, com "Irene", darem por terminado o concerto, deixando todos os presentes de corações bem quentes, numa noite que prometia enregelar tudo e todos fora do recinto.

Depois de um Passos Manuel com 200 pessoas em 2008, depois de um Primavera Sound para milhares em 2012, eis que é um Hard Club em 2013 que eterniza o sentimento que o público português sente pelo dream pop dos americanos Beach House. À terceira foi de vez. E quantas mais vezes vierem, mais forte se tornará esta relação luso-americana.

Texto: Marta Ribeiro