“Vamos concentrar-nos à porta das instalações da Academia. Contamos com alunos, pais, amigos da academia, pessoas com ligação forte à instituição. E depois concentramo-nos junto à Assembleia da República para entregar a petição a José Pedro Aguiar-Branco [presidente da AR] e vamos cantar a música ‘Acordai’, do icónico do Fernando Lopes Graça”, disse à agência Lusa a professora Conceição Sousa.
A iniciativa, segundo esta professora, visa chamar a atenção para a atividade da Academia e reforçar a urgência em encontrar uma solução para as suas instalações.
Com 140 anos de história, a Academia de Amadores de Música funciona na Rua Nova da Trindade, no Chiado, mas terá de abandonar as instalações em agosto de 2025, por incapacidade para pagar a nova renda, que passou de 542 euros para 3.728, pondo em causa o ensino de música a 320 alunos.
Os subscritores da petição defendem a aquisição do espaço onde atualmente funciona a escola ou a “cedência em permanência de um espaço adequado à prática da atividade da Academia, incluindo nos seus requisitos a centralidade e acessibilidade”.
No final de novembro, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse ter sido encontrada uma solução para acolher a Academia de Amadores de Música, num edifício municipal na Rua Vítor Cordon, na zona do Chiado.
O edifício está ocupado pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e pelo Opart, entidade pública empresarial responsável pela gestão do Teatro Nacional de São Carlos, da Companhia Nacional de Bailado e dos Estúdios Victor Córdon.
“Nós fomos notificados que teria sido encontrado um potencial espaço. O que acontece é que não há chave na mão, não é líquido que as instalações estejam disponíveis na data em que a Academia vai precisar, em agosto de 2025”, contou.
Conceição Sousa destacou que a Academia já passou várias vezes por situações idênticas, em que lhes é apresentado um espaço, mas depois nada acontece.
“Somos uma escola. Não temos interesse em partidarizar a situação. Foram apresentadas várias soluções e nenhuma se concretizou. O que queremos é manter o alerta sobre esta situação. Apesar de haver um fantasma de uma potencial resolução, ela não está concretizada”, disse.
De acordo com o texto da petição, caso não seja encontrada uma solução, a Academia teme pelo futuro dos alunos já no próximo ano letivo, alertando que “ficarão em risco” os contratos de patrocínio com 18 escolas privadas e públicas de Lisboa que garantem o ensino artístico de cerca de 160 alunos, assim como a “continuidade dos estudos de outros 160 alunos do ensino supletivo, livre e de iniciação”.
Também ficará em causa “a continuidade de execução de contratos com entidades como a Câmara Municipal de Lisboa ou a Direção-Geral das Artes, no âmbito da promoção da atividade artística”, acrescenta a petição.
Pela Academia, fundada em 1884, passaram nomes conhecidos da música como Carlos Bica, Pedro Ayres Magalhães ou Teresa Salgueiro, bem como clássicos como Fernando Lopes Graça, que foi diretor da Academia, Luís Freitas Branco e Emanuel Nunes.
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