A temporada vai tendo altos e baixos com a continua impossibilidade de House demonstrar um pingo de afetividade exterior. O verdadeiro desafio da série continua a residir na luta de uma mente brilhante que tem um génio irascível. Os episódios começam em alta com a saída de House da prisão e o regresso do filho pródigo ao hospital universitário num confronto entre o inconformismo e as novas regras perante uma nova realidade e diferentes personagens.
Os episódios continuam a abordar puzzles clínicos dos pacientes com a leitura e entendimento de House e a sua entourage. Estes casos normalmente fazem a ponte e, se preferirem, são metáforas para os inuendos pessoais dos personagens regulares e a lógica retorcida de House. Este vive sobre o adágio de não querer saber das tretas sentimentais mas continua a intrometer-se na vida de todos em seu redor.
Charlyne Yi e Odette Annable são as novas caras na série. Não são personagens perfeitas e têm traços genéticos de House com pozinhos de loucura e instruídas para pensar no reino da improbabilidade.
Em temos de arcos narrativos, além do arranque inicial, destaque para a presença de Dominika (Karolina Wydra), a esposa ucraniana de House que incute romance e humor num coração de pedra. Mais tarde surge em cena a mãe do protagonista, Blythe (Diane Baker), que traz consigo uma figura muito especial interpretada pelo multifacetado Billy Connolly. A terminar a temporada, a doença do seu melhor amigo é um teste e abre a possibilidade de reinvenção do “bom” doutor.
Ao longo da época temos muitas e boas participações especiais e alguns regressos do passado, como Olivia Wilde e Jennifer Morrison. A produção continua detalhada e mostra todo o seu valor quando a ação se desenrola fora do hospital - veja-se o apartamento de House, o episódio da road trip ou o cenário da prisão. E mesmo o hospital tornou-se menos hermético e mais convidativo ao olhar do espetador, como se o calor humano fosse transportado das páginas do argumento para o ambiente em torno dos personagens.
A figura trágica que dá o nome a este série, ao longo dos anos, foi sempre um testemunho de um objeto dramático tão interessado nos desejos e aflições pessoais de cada um dos personagens (regulares) como as narrativas do “doente do dia” impulsionadas pelos mirabolantes diagnósticos clínicos. Os argumentos da oitava série encontram sempre humor no drama ligeiro perante o brilhantismo, a arrogância e auto-destruição do eterno apático e gabarola House que tanto fascina os espectadores. Hugh Laurie fecha uma temporada que é uma coletânea de sucessos e situações inesperadas naquele que será certamente o papel da sua carreira.
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