"Supernanny" perdeu o seu patrocinado principal, a Corine de Farme, depois da polémica em torno do primeiro episódio que deu origem a vários pedidos de suspensão do programa e a várias queixas na Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). O segundo episódio liderou audiências na noite deste domingo, 21 de janeiro.
"O tumulto social em torno do mesmo não é compatível nem com a imagem da nossa empresa, nem com os nossos objetivos comerciais", frisou na semana passada Sara McLeod, gestora de produto e comunicação da marca, à revista Visão, acrescentando que continuaria disponível para colaborar com outros programas da SIC.
Esta segunda-feira, a responsável confirmou à Meios & Publicidade o fim do patrocínio ao programa. "Confirma-se. Já não iremos patrocinar mais nenhum episódio deste programa", disse à revista.
No programa "Supernanny", uma psicóloga clínica desloca-se a casa de uma família para ajudar os pais a controlar a rebeldia dos filhos. "À sua espera terá pais à beira de um ataque de nervos, que já tentaram quase tudo para controlar a alteração de comportamento dos filhos - esse será o seu maior desafio: dar-lhes ferramentas a para que estes possam recuperar a calma e a alegria familiar! 'Supernanny' é um formato onde a emoção e a surpresa não vão faltar e nada ficará por dizer, tudo com um único propósito: orientar pais, educadores e filhos para um objetivo comum, a harmonia da vida em família e … missão cumprida", acrescenta a produção do programa em comunicado.
O primeiro programa 'Supernanny' na SIC foi emitido a 14 de janeiro. No dia seguinte, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens tomou uma posição contra o programa por considerar que existe um "elevado risco" de este "violar os direitos das crianças, designadamente o direito à sua imagem, à reserva da sua vida privada e à sua intimidade".
Para a comissão, o conteúdo do programa é "manifestamente contrário ao superior interesse da criança, podendo produzir efeitos nefastos na sua personalidade, imediatos e a prazo".
Questionada hoje pela Lusa sobre se a Comissão pondera colocar uma providência cautelar para suspender o programa, Rosário Farmhouse explicou que "a CNPDPCJ não tem competência para apresentar uma providência cautelar, mas sim o Ministério Público".
Sobre o próximo passo que a comissão irá tomar, a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens afirmou que "dada a complexidade e delicadeza do caso, de momento, a comissão não está "em condições de divulgar publicamente os próximos passos".
A Procuradoria-Geral da República (PGR), contactada hoje pela Lusa, esclareceu que o Ministério Público está a acompanhar a situação e a analisar todas as possibilidades legais de intervenção no caso.
"No que respeita ao programa já emitido, existindo um processo de promoção de proteção a favor da criança na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, o Ministério Público acompanha a atividade daquela comissão", nos termos da lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, afirma a PGR numa resposta escrita à Lusa.
Questionada pela Lusa, a SIC afirmou que vai manter a exibição do programa. A estação televisiva justifica esta decisão com a "vertente pedagógica [do programa], fundamental para um debate necessário - e [...] alargado à sociedade portuguesa - sobre questões como a educação familiar e a parentalidade".
Presente num total de 15 países, o programa retrata casos de crianças indisciplinadas, para as quais uma ama -- no formato português, é a psicóloga Teresa Paula Marques -- propõe soluções para pais e educadores.
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