Ricardo Darín, o recente protagonista do premiado filme "Argentina, 1985", anunciou que vai rodar uma série baseada na famosa BD argentina "El Eternauta" ["O Eternauta" em tradução literal, não editada em Portugal] para a plataforma Netflix.

Considerada a obra-prima da BD argentina, "El Eternauta" foi escrito pelo argumentista Héctor Germán Oesterheld, um dos maiores do género, desaparecido em 1977 durante a ditadura do país, e ilustrada pelo compatriota Francisco Solano López. A banda desenhada começou a ser publicada em fascículos semanais em 1957 e teve inúmeras reedições.

"Estamos próximos de apresentar em pouco tempo um projeto enorme, realmente muito complexo, muito complicado de fazer", declarou Darín à rádio CNN Argentina na segunda-feira.

"A história de 'El Eternauta' na qual o projeto é baseado pretende ter uma abertura, ter um alcance um pouco mais além das fronteiras do nosso país. A versão está atualizada, baseada na BD real, mas há uma nova versão", explicou o ator.

Protagonista de filmes de sucesso como "Nove Rainhas", "Relatos Selvagens" e "O Segredo dos Seus Olhos", Darín recebeu recentemente na Espanha o Prémio Platino de Melhor Ator por "Argentina, 1985".

"Estamos todos muito entusiasmados e muito empenhados porque é um projeto enorme, espera-me muito trabalho. Estou a tentar preparar-me porque é uma grande exigência física e mental e acho que será algo que não vai passar despercebido", acrescentou.

A série da Netflix será dirigida por Bruno Stagnaro.

"El Eternauta" é uma história de ficção científica cujos heróis são um grupo de sobreviventes num mundo invadido por extra-terrestes. Uma explosão no Oceano Pacífico seguida de uma tempestade de neve mortal em Buenos Aires dá origem à resistência liderada por Juan Salvo, o homem que com uma espécie de escafandro como traje de proteção, se torna o Eternauta.

Militante político, Héctor Germán Oesterheld foi sequestrado em 1977 e nunca foi encontrado, assim como as suas quatro filhas - duas das quais estavam grávidas- e três dos seus genros. Cerca de 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura argentina (1976-1983), segundo organizações humanitárias.