Preocupações ecológicas, as alterações climáticas, a ação do homem sobre a natureza, a energia nuclear, “temas atuais e que dizem respeito a todos no contexto de globalização em que vivemos”, são transversais à peça, acrescentou Álvaro Correia, em declarações à agência Lusa.

Escrita pela dramaturga e guionista britânica, nascida em 1984, a peça “Os Filhos” não é “panfletária”, nem “ativista”, mas é “extremamente bem escrita”, pois problematiza, “de forma subliminar”, as preocupações e as responsabilidades de cada indivíduo pelas escolhas que faz na vida pessoal, familiar ou profissional e as consequências que estas têm a vários níveis, indicou.

Além disso, propõe uma reflexão sobre o que cada um poderá fazer para melhorar a vida dos outros e proteger o planeta dos perigos que ameaçam destruí-lo, frisou.

O facto de se tratar de uma peça de uma autora com “trinta e tal anos”, se centrar sobre três personagens, todos engenheiros nucleares, com mais de sessenta anos, “que não é comum em autores jovens”, e de cruzar vários conflitos interpessoais, sociais, entre outros, com preocupações atuais face ao futuro das gerações vindouras” agradaram ao encenador, admitiu.

O texto deixa-nos ainda o desafio de que “todos somos responsáveis por atuar, se queremos construir algo melhor”, enfatizou, acrescentando que a peça “é toda uma cena”, já que não há saltos em termos temporais.

A trama é simples e centra-se sobre três protagonistas: Hazel e Robin, um casal de físicos nucleares reformados, que se mudaram para uma pequena casa fora da zona de pressão, após um acidente na central nuclear onde trabalhavam ter contaminado a área circundante. Tanto quanto possível, o casal tenta levar uma vida normal.

A outra protagonista é Rose, uma antiga colega de trabalho do casal na central nuclear, que um dia os visita propondo-lhes que regressem ao trabalho para repararem os danos causados pelo acidente.

Estarão Hazel e Robin dispostos a fazê-lo, e a que custo? Estas são as questões que se impõem com a proposta de Rose.

Álvaro Correia, que também é ator, explicou à Lusa que o convite para encenar a peça partiu do diretor artístico do Teatro Aberto, João Lourenço, uma vez que já constava da programação desta sala, assim como o elenco, que também já estava definido.

Depois de ler o texto, ficou “com vontade de o encenar” e aceitou o convite, por lhe terem agradado os temas e a atualidade.

No final de 2021, quando começou a trabalhar a peça, “havia uma grande pressão por parte da União Europeia sobre a aceitação ou não da energia nuclear como energia verde”, e algumas pressões internacionais, nomeadamente “da França, para que a energia nuclear fosse considerada energia verde, por ser uma energia barata”.

Nos dias de hoje, “por razões menos boas, e com o espetro da guerra” entre a Rússia e Ucrânia, mas que não se confina às fronteiras dos dois países, os temas da peça “continuam a estar na ordem do dia”, sublinhou Álvaro Correia.

Embora não consigamos controlar fenómenos naturais, como um terramoto, por exemplo, ou mesmo um desastre nuclear, sabemos que, com a globalização, há consequências profundas a todos os níveis e “temos a responsabilidade de atuar”, concluiu Álvaro Correia.

A interpretar “Os Filhos”, peça que se estreou em Londres, em 2016, e que no Teatro Aberto sobe ao palco da sala Vermelha, estão Custódia Gallego, João Lagarto e Maria José Paschoal.

O espetáculo tem cenário de André Guedes, figurinos de Ana Paula Rocha, desenho de luz de Manuel Abrantes, e sonoplastia de Victoria.

Com récitas às quartas e quintas-feiras, às 19h00, às sextas e sábados, às 21h30, e, aos domingos, às 16h00, a peça “Os Filhos” estará em cena até 3 de julho, e terá uma antestreia na quarta-feira.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.