O músico norte-americano David Berman, conhecido pelo trabalho feito como Silver Jews e Purple Mountains, morreu, na quarta-feira, aos 52 anos, revelou a editora Drag City no Twitter.
“Não podíamos lamentar mais dizer-vos isto. David Berman morreu hoje. Um grande amigo e um dos indivíduos mais inspiradores que alguma vez conhecemos desapareceu. Descansa, David”, pode ler-se na mensagem publicada na rede social que, desde então, gerou milhares de respostas de condolências e partilhas de memórias do músico, incluindo de outras editoras como a Jagjaguwar e a Secretly Canadian.
Entre elas encontra-se a de Bob Nastanovich, dos Pavement, com quem formou a primeira encarnação dos Silver Jews: “Estou extremamente grato que [o fundador] Dan Koretzky e toda a gente na Drag City tenha aparecido na vida do David há cerca de 30 anos. Sem a Drag City, o trabalho do David, enquanto poeta e músico, não teria sido lido ou ouvido.”
Na conta dos Mountain Goats, numa mensagem que a publicação Pitchfork atribui ao músico John Darnielle, pode ler-se a seguinte homenagem: “Da nossa geração de cantores-compositores, ele era o melhor de nós. Esta perda é devastadora”.
“Podia ficar aqui sentado todo o dia e citar frases memoráveis do David Berman sem me cansar. Ele não tinha concorrência. Ele era a concorrência”, acrescenta Darnielle.
Autor de letras como “Um destes dias estes dias vão acabar/Através da janela da cozinha, a luz vai moldar-se/Vais estar a esculpir uma abóbora com uma faca/Quando alguém à mesa disser/’Isso não é algo a que eu chame uma vida!’”, Berman nasceu em Williamsburg, no estado norte-americano da Virgínia, em 1967, começou a escrever canções na universidade e formou o grupo Ectoslavia com Nastanovich e Stephen Malkmus, dois dos elementos que viriam a criar os Pavement.
Segundo a biografia publicada pela Stereogum, os três mudaram de nome para Silver Jews quando passaram a viver em Nova Jersey. A banda, que viria a mudar de alinhamento ao longo dos anos, mantendo-se apenas Berman como membro fundador, lançou o primeiro de seis discos pela Drag City em 1994, intitulado “Starlite Walker”, tendo todos os registos sido elogiados pela crítica.
Como recorda a Rolling Stone, em 1998, o crítico Rob Sheffield escrevia que era uma “tortura” escolher um destaque do álbum “American Water” por ser tão “perfeito”.
A morte de Berman surge um mês depois do lançamento do disco homónimo do projeto Purple Mountains, sobre o qual a Pitchfork escreveu que a primeira nova música original de Berman em mais de uma década é “uma maravilhosa coleção de coração despedaçado, dor e amargura”.
David Berman enfrentou vários anos de consumo de drogas e referiu-se à sua depressão como “resistente a tratamentos”, numa entrevista publicada em julho pelo ‘site’ The Ringer. Em 2003, tentou matar-se, dizendo, anos mais tarde, que esse momento da vida tinha-lhe mostrado “um propósito claro que não existia antes”.
A digressão norte-americana de Berman enquanto Purple Mountains iria começar no sábado, tendo o músico dito que “mal podia esperar” pelo começo dos concertos: “Sinto-me muito otimista ao regressar. Estou interessado em dar concertos. Sinto-me interessado em tocar música de uma forma que não toquei no passado”.
Poeta e cartunista, para além de músico, Berman disse um dia à Sociedade Americana de Poetas que a poesia “pode e deve ter um efeito no discurso quotidiano, mas não tem”.
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