A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou esta terça-feira a morte da escritora Maria Alberta Menéres, aos 88 anos, sublinhando a sua dedicação "constante" aos públicos mais jovens ao longo da carreira.

Num comunicado, Graça Fonseca lamenta o falecimento da professora, escritora e jornalista, cujo nome "ocupa um lugar de destaque na história da poesia portuguesa do século XX".

A escritora morreu na segunda-feira, ao final da tarde, em Lisboa, na sua residência, disse à agência Lusa a filha, Eugénia de Mello e Castro.

Graça Fonseca recordou o trabalho de Menéres enquanto autora, destacando o livro "Água de Memória", vencedor do Prémio do Concurso Internacional de Poesia Giacomo Leopardi, e a coorganização, em conjunto com o marido E. M. de Melo e Castro, da "Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa", uma "obra ímpar pelo rigor da seleção, pelo detalhe e completude da informação e pelo impacto que teve na poesia portuguesa contemporânea".

"O talento e a singularidade de Maria Alberta Menéres devem também ser recordados pela sua obra infantojuvenil. Foi através do seu ‘Ulisses’ (1970) que muitas crianças e jovens tiveram o primeiro contacto com o grande clássico homérico", salienta ainda a ministra na nota, recordando que a sua obra nesta área foi reconhecida, no seu conjunto, com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.

"A sua dedicação aos públicos mais jovens foi uma constante não só do seu percurso literário, mas também da sua carreira profissional", assinala ainda Graça Fonseca.

Professora dos ensinos básico e secundário, Maria Alberta Menéres foi ainda autora de inúmeros programas televisivos para crianças, tendo sido diretora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da RTP de 1974 a 1986.

Foi também assessora do Provedor de Justiça, de 1993 a 1998, cargo onde criou e foi responsável pela linha telefónica “Recados da Criança”.

"Mulher de um compromisso extraordinário e permanente com a educação e com a promoção do prazer da leitura, fez do dar a conhecer aos outros uma responsabilidade que ultrapassou a sua condição de escritora. Deu-nos a conhecer poesia, contos, histórias maravilhosas e fez, de quem a leu, melhor leitor", escreve ainda a responsável pela tutela da Cultura.

A escritora nasceu em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, em 25 de agosto de 1930, e foi autora de obras e coletâneas como "O Poema Disse ao Poema" e "O Poeta Faz-se aos Dez Anos".