O programador Rui Torrinha, por seu lado, manifestou expectativas sobre a formação de base em Sociologia do próximo ministro da Cultura, no sentido de esta poder vir a contribuir para correção de assimetrias no território, e apontou desde logo três linhas de intervenção a carecerem de atenção: a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, a Rede Portuguesa de Museus e o Estatuto do Profissional da Cultura.

A necessidade de aumento do orçamento para a cultura foi outra questão levantada.

Responsáveis de várias companhias de teatro, com sede em Lisboa, Almada, Algarve e Porto, sublinharam à Lusa, no entanto, não terem qualquer reação à indicação de Pedro Adão e Silva para ministro da Cultura, já que não é “conhecido no meio”.

Plataforma de Cinema reage à escolha de Pedro Adão e Silva para ministro da Cultura

Pedro Adão e Silva irá fazer parte do XXIII Governo Constitucional, o terceiro liderado por António Costa, assumindo a pasta da Cultura, sucedendo no cargo a Graça Fonseca.

Para o diretor do Teatro Experimental do Porto (TEP) e do Festival Internacional De Teatro De Expressão Ibérica (FITEI), Gonçalo Amorim, Pedro Adão e Silva é um “ilustre desconhecido e uma pessoa com pouco currículo na área da cultura”.

Gonçalo Amorim frisou, todavia, que o mais importante para o exercício da função é ser alguém que “tenha força política para ajudar um setor” que há anos continua com “muitos problemas por resolver”.

“Por isso, resta-me desejar que [ele] seja esse alguém”, pois, sem “força política, é impossível ajudar o setor da cultura”, sustentou.

Já o diretor artístico do Teatro Aberto, João Lourenço, também referiu não conhecer o próximo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, sem ser dos comentários que faz nos média e da sua nomeação para comissário executivo das Comissão Nacional das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

“Do que conheço é um homem culto e inteligente” e, tanto quanto se sabe, é alguém “que não está ligado às habituais clientelas da área da Cultura, o que pode ser bom e útil para o setor”, acrescentou João Lourenço, em declarações à agência Lusa.

O programador cultural Rui Torrinha, por seu lado, sublinhou, em declarações à Lusa, que o facto de Pedro Adão e Silva ser sociólogo gera a expectativa de que “essa capacidade de leitura permita desenvolver políticas que ajudem a corrigir as assimetrias” no território.

No entanto, Torrinha ressalvou que “a formação da equipa [será] decisiva”: “É importante que a equipa que o vai acompanhar seja uma equipa com profundo conhecimento do terreno”.

Responsável pelas áreas de Artes Performativas e Festivais de A Oficina, em Guimarães, Torrinha realçou que há uma expectativa de que o novo ministro da Cultura consiga desenvolver três linhas de intervenção do anterior executivo: a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, a Rede Portuguesa de Museus e o Estatuto do Profissional da Cultura.

“Uma coisa fundamental que tem de ser reforçada é a importância da criação em Portugal”, afirmou Rui Torrinha, concretizada através de um aumento orçamental para o setor.

Pedro Adão e Silva é o atual comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, cargo que deixará quando tomar posse no novo Governo.

Nascido em Lisboa, em 1974, Pedro Adão e Silva é um académico, especializado em políticas públicas e políticas sociais. É licenciado em Sociologia e doutorado em Ciências Sociais e Políticas e foi professor universitário no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, desde 2007, funções que suspendeu depois de ter sido nomeado pelo Governo, em maio de 2021, para liderar a estrutura de missão que organiza as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, até 2024.