Não tendo um foco temático, o festival dedicado às artes performativas - que este ano reúne 20 criações - procura "trabalhar a partir de propostas artísticas em que os corpos em cena abrem possibilidades para o futuro", sublinharam David Cabecinha e Carla Nobre Sousa, em declarações à agência Lusa.

Os artistas Faustin Linyekula, Ali Chahrour, Sonya Lindfors, Francisco Camacho e Vera Mantero estão entre os criadores integrados na programação deste ano do Alkantara, que decorrerá de 13 a 28 de novembro, em vários espaços de Lisboa.

"Trabalhamos a partir de espetáculos de teatro, dança, performance em que os corpos são espaços políticos que procuram redefinir imagens, desafiam ideias pré-concebidas, criam espaços de resistência, especulam sobre o futuro e transportam testemunhos", resumiu David Cabecinha sobre o âmago deste festival que teve origem no início da década de 1990, quando a coreógrafa e bailarina Mónica Lapa o lançou, com o nome "Danças na Cidade".

Carla Nobre Sousa sublinhou ainda que o certame "continua a ter esse objetivo de participar nas questões que estão na ordem do dia" da sociedade, e que os artistas "usam o corpo e o próprio palco como espaço político, nos quais se colocam questões, como a urgência de proteger os ecossistemas, a carga simbólica do espaço público, a forma como se rotulam alguns corpos".

Este ano, apontou, a seleção de artistas "foi feita muito em vídeo devido ao contexto da pandemia", por oposição a outras edições em que é possível visitar artistas nos seus países e ver os seus trabalhos ao vivo.

"Foi realmente um ano atípico na preparação do festival, por causa da pandemia", avaliou Carla Nobre Sousa, acrescentando que foi possível, no entanto, recuperar alguns trabalhos que não puderam ser apresentados no ano passado.

Sobre o reforço realizado para os espaços de encontro, David Cabecinha precisou: "Estamos num momento muito particular em que finalmente conseguimos estar com lotações a cem por cento, com menos medidas restritivas nas situações presenciais", disse, referindo-se ao aligeiramento das limitações sanitárias.

"Por isso, foi pensado como um espaço em que, além dos espetáculos, temos um conjunto de momentos em que podemos encontrar-nos para discutir e refletir em conversas com artistas nacionais, locais, para perceber o que têm em comum nas suas pesquisas, e em que divergem, nos seus contextos diversos".

Também devido a essa diminuição das restrições, e de um reavivamento da atividade cultural, o festival quer "festejar e celebrar", acrescentou Carla Nobre Sousa, sobre a programação de festas, conversas com artistas, debates e aulas práticas.

Questionados sobre a forma como foi feita essa seleção de artistas para a edição deste ano, a co-responsável da direção artística do evento dedicado às artes performativas indicou que se procurou "fazer um equilíbrio entre os artistas que já acompanham o festival há algum tempo e as novas propostas, trazendo inclusivamente criadores que não são conhecidos do público português".

Clara Amaral, Gabriela Carneiro da Cunha, Cherish Menzo, Chiara Bersani, Giorgia Ohanesian Nardin, Sonya Lindfors, Dana Michel e Nacera Belaza são outros dos artistas que irão trazer espetáculos à capital ao longo de cerca de duas semanas.

O Alkantara Festival 2021 regressará a palcos de Lisboa como a Culturgest, o Centro Cultural de Belém, o São Luiz Teatro Municipal, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Nacional D. Maria II, com oito propostas artísticas apresentadas em estreia nacional, dois projetos que se realizam no espaço público, e três que podem ser vistos no Espaço Alkantara, situado no bairro de Santos.

Iniciado em 1993 por Mónica Lapa, na altura com o nome "Danças na Cidade", o Alkantara voltou a ser um festival anual em 2020, com o objetivo de manter uma identidade internacional, com abertura à experimentação e cultura contemporâneas.

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