A exposição intitula-se “O Agora… é tudo o que temos”, e estará patente até 12 de maio, sendo constituída a partir do espólio de Capdeville, “figura de destaque no panorama musical português pelo seu espírito inovador na conceção, na forma e nos materiais utilizados para a criação musical, e na função que conferiu ao próprio concerto, enquanto espetáculo participado”, afirma a BNP.
O espólio de Constança Capdeville está à guarda da BNP, que, em comunicado, realça o facto de a compositora ter aliado "a música à componente cénica e foi precursora na composição de obras para teatro musical, em Portugal, género a que se dedicou sobretudo a partir da década de 1980, com o grupo ColecViva, que fundou e dirigiu”.
“Essa ligação com o teatro levou-a também a utilizar elementos cénicos em algumas das suas peças de câmara”, refere a BNP, acrescentando que compôs igualmente música para bailado e para cinema.
O espólio de Constança Capdeville, autora, entre outras peças, de "Mise en Requiem", "Don't Juan" e "Libera me", faz parte das coleções de Música da BNP, desde setembro de 2012, por doação do poeta Manuel Cintra.
A BNP, realça que Capdeville se notabilizou "também como pedagoga, nomeadamente na Academia de Música de Santa Cecília, no Conservatório Nacional de Lisboa e na Escola Superior de Música de Lisboa”.
A partir de 1980, foi professora convidada no Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa, onde lecionou História e Problemática da Interpretação, assim como Análise da Música do Século XX.
Natural de Barcelona, Capdeville veio para Portugal com a família em 1951, tendo estudado no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, com Varela Cid (piano) e Jorge Croner de Vasconcellos (composição). Mais tarde fez os cursos especiais de Musicologia, Interpretação de Música Antiga e Técnica de Acompanhamento, sob a orientação de Macário Santiago Kastner.
Em 1962 recebeu o Prémio de Composição do Conservatório Nacional de Lisboa, atribuído à obra para órgão “Variações sobre o nome de Stravinsky”.
Capdeville fez parte dos Menestréis de Lisboa, sob a direção de Santiago Kastner, do grupo de câmara Convivium Musicum e do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, sob a direção de Jorge Peixinho, tendo também sido percussionista convidada da Orquestra Gulbenkian, em concertos de música contemporânea.
Em outubro de 1990, foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, e, em junho de 1992, a título póstumo, o grau de Comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada.
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