A exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918) vai reunir, no Grand Palais, em Paris, cerca de 300 obras em pintura, desenho, gravura e fotografia, numa redescoberta do artista, a partir de 20 de abril.
Além das 250 obras assinadas por Amadeo de Souza Cardoso, serão também exibidas 15 obras de outros artistas, que foram próximos do criador português, como Modigliani, o casal Robert e Sonia Delaunay, e Brancusi, além de 52 documentos de arquivo.
Organizada pelo organismo público francês Réunion des Musées Nationaux et du Grand Palais des Champs-Élysées, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição é comissariada por Helena de Freitas e tem como objetivo dar a conhecer a obra de um artista que teve uma vida curta e intensa, tendo falecido apenas com 30 anos, de gripe pneumónica.
Embora tenha morrido jovem, Amadeo viveu em Paris, onde teve contactos com os modernistas, e chegou a exibir e a vender o seu trabalho nos Estados Unidos, sendo considerado, pelo crítico de arte norte-americano Robert Loescher, "um dos segredos mais bem guardados do início da arte moderna".
Nesta exposição, será também apresentado um tríptico em vídeo encomendado ao artista Nuno Cera, pela Fundação Calouste Gulbenkian - intitulado "Tour d’Horizon" -, que mostra os lugares de referência de Amadeo: Manhufe, onde nasceu, no concelho de Amarante, em Portugal, a Bretanha e Paris.
Das 'estrelas' da exposição destacam-se "Le Saut du lapin" (1911), um óleo sobre tela proveniente do Art Institute of Chicago, "Avant la corrida", outra tela que tinha sido exibida no Grand Palais, no Salão de Outono, em 1912, e que foi no ano seguinte para a exposição Armory, nos Estados Unidos, onde foi vendida, pertencendo atualmente ao acervo da Gulbenkian.
"Procession Corpus Christi", "La Cuisine de la maison de Manhufe", "Casa do Ribeiro", "Cavaliers", "L’Athlète", todas datadas de 1913, são outras telas que serão expostas, pertencentes à coleção da Fundação Calouste Gulbenkian ou a coleções particulares.
Nos desenhos, o público poderá ver, entre outros, sobretudo de 1912, "Le bain des sorcières", "L’athlète", "Le tournoi", "Le tigre", "La tourmente", "Les chevaux du sultan", "La Détente du cerf", "La forêt merveilleuse", muitos deles criados para o álbum "XX Dessins", que Amadeu imprimiu e replicou, para divulgar a sua obra na cena artística da época, enviando, entre outros países, para os Estados Unidos e Alemanha.
Haverá dezenas de caricaturas, uma expressão artística que despontou em Amadeo de Souza Cardoso, ainda em criança, pois todos os seus livros de escola revelam esse hábito de desenhar qualquer figura que o rodeava.
Também postais trocados com a família, outros artistas e a própria mulher, Lucie Souza Cardoso, que guardou grande parte do espólio do artista, após a morte, regressando a Paris, onde se rodeou dos quadros de Amadeo, que cobriam as paredes da residência, revelam as fotografias da época.
Amadeo de Souza Cardoso ainda expôs a sua obra ao lado dos maiores do seu tempo, nomeadamente Braque, Picasso, Duchamp, Matisse, Kandinsky ou Léger, mas a morte precoce interrompeu uma carreira artística que poderia ter sido fulgurante, segundo alguns críticos ouvidos pelo realizador do filme "Amadeo de Souza Cardoso: O último segredo da arte moderna".
O documentário realizado por Christophe Fonseca terá estreia mundial em televisão, na RTP, no próximo dia 20, data de abertura ao público da exposição, em Paris.
A exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso vai ficar patente no Grand Palais até 18 de julho.
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