O jogo "Death Robot Jungle", lançado há cerca de uma semana com distribuição internacional, parece, à primeira vista, apenas um disco de vinil, mas, ao abri-lo como se faz com um livro, surge a informação necessária para se começar um jogo de RPG, contou à agência Lusa o responsável da editora, André Nóvoa.

Para esta criação, André Nóvoa foi atrás de uma proposta "muito conceptual" em que a ideia de as pessoas jogarem ou não era "meio indiferente".

"A proposta é criar um universo - por exemplo como o "O Senhor dos Anéis" ou “Guerra das Estrelas” - em que o jogador, ao abrir o vinil, tem a informação necessária para a constituição desse universo. “Tem um mapa, que é uma ilha, e uma descrição minimalista do universo, em que se refere que há uma colónia, uma tribo, robôs que invadem a ilha e certas criaturas", explicou.

Normalmente, neste tipo de jogos, há um livro de apoio, que pode ir de 20 a mais de 700 páginas, com definições mais ou menos extensas dos universos.

"Nesta proposta, fizemos algo diferente. Temos um universo jogável praticamente sem palavras, em que a música funciona como filtro interpretativo para o mapa, funciona como uma sugestão de como deve ser lido o mapa e deve ser imaginado aquele mundo - as suas cores, texturas, os barulhos das criaturas ou os conflitos, que são sugeridos pelos temas das músicas", aclarou.

Nesse sentido, a primeira música, quase ao estilo de uma marcha, tenta retratar a invasão dos robôs, já a última "é uma orgia de sintetizadores" numa linha de punk que dá a ideia de frenesim, notou.

O disco de vinil pode também ser utilizado como banda sonora para acompanhar uma sessão de jogo, mas a sugestão da editora passa por o jogador que irá ser o narrador ouvir o disco antes de se jogar, para imaginar melhor o universo e a narrativa.

Para André Nóvoa, face à proposta ser tão minimalista "é praticamente impossível para pessoas que não estão habituadas a RPG jogarem", visto ser necessário criar um sistema de regras.

No entanto, "basta haver uma pessoa que conheça o que é o RPG e consegue rapidamente fazer uma sessão de jogo" com amigos, salientou.

Porém, o objeto pode ser entendido apenas como um vinil de música, funcionando como uma proposta isolada.

"Nada impede que quem nunca jogou e nem se interessa por jogar oiça simplesmente o disco e desfrute dessa experiência", vincou André Nóvoa, referindo que o álbum de música foi criado pelo próprio e pelo músico Manuel Pinheiro (Diabo Na Cruz, London Laptop Orchestra), com algumas colaborações de outros artistas.

O género é "sci-fi tropical".

"Basicamente, há uma base musical muito composta em torno de percussão dançável, como ritmos de Angola, Cabo Verde, Haiti ou as influências da cumbia da Colômbia e do Peru, e que na camada superior estão sintetizadores analógicos", explicou.

Segundo André Nóvoa, o jogo tem tido muita aceitação por parte do público especializado, sendo que metade da tiragem (500 exemplares) foi diretamente para uma loja online nos Estados Unidos, onde já quase que esgotou.

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