O bailarino brasileiro David Motta Soares, um dos principais solistas do famoso Bolshoi da Rússia, anunciou a sua demissão nesta segunda-feira, numa mensagem de solidariedade aos "combatentes" na Ucrânia.
Soares, de 24 anos, foi uma das principais estrelas do Bolshoi, que está entre as muitas instituições culturais envolvidas na reação internacional contra a invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin.
"Estou profundamente triste em dizer que deixei o Teatro Bolshoi, os meus professores, os meus amigos, a minha família, o lugar que chamei de lar durante muitos anos", escreveu Soares no Instagram.
"Não posso agir como se nada estivesse a acontecer, simplesmente não consigo acreditar que tudo isto está a acontecer de novo, já passámos por isto, deveríamos ter aprendido com o passado", escreveu ele, ao lado de uma foto numa majestosa pose de dança.
Soares, que cresceu em Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro, disse que tem "muitos amigos" na Ucrânia e não consegue imaginar o que eles estão a passar ou como estão "a enfrentar esta... situação".
"O meu coração (está) com eles", escreveu.
A sua demissão segue a do diretor musical e maestro principal do Bolshoi, Tugan Sokhiev, que renunciou no domingo, e disse que se sentiu pressionado a posicionar-se sobre o conflito na Ucrânia.
O prestigiado ballet Bolshoi sofreu vários contratempos nos últimos dias.
A Royal Opera de Londres anunciou a 25 de fevereiro o cancelamento de uma temporada de apresentações devido à invasão.
Na sexta-feira passada, o Teatro Real de Madrid decidiu cancelar as apresentações da companhia agendadas para maio, "por causa do conflito desencadeado pela Rússia na Ucrânia", informou em comunicado.
Soares chegou aos 12 anos ao Bolshoi, a lendária academia de dança do teatro de Moscovo. Formou-se em 2015 quando ganhou o primeiro prémio no All-Russian Young Dancers Competition e subiu na hierarquia para o posto de solista líder - um abaixo do primeiro bailarino.
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