O primeiro passo simbólico do aguardado regresso está marcado para este sábado, dia 28 de agosto, na Filarmónica de Paris, com o brasileiro Caetano Veloso.

"Tivemos de nos antecipar e coordenar, porque não basta que um território possa receber um artista brasileiro, mas que toda sua digressão europeia possa ser realizada", explicou à AFP o curador do programa de música contemporânea da Filarmónica, Vincent Anglade.

"Temos de reunir recursos em comum. Caso contrário, a economia das digressões desmorona como um castelo de cartas", acrescentou.

Caetano Veloso também vai passar por Hamburgo, Bruxelas e Portugal (com sete atuações).

O artista tinha programado viajar para Paris no primeiro semestre, para a inauguração da exposição fotográfica "Amazónia", do também brasileiro Sebastião Salgado, na Filarmónica de Paris.

"Esta exposição é um alerta para proteger a Amazónia, preservar as suas riquezas e os seus povos. Caetano sempre foi muito comprometido com esta causa e tem um forte vínculo com Salgado. Infelizmente, o contexto de saúde em maio impediu-nos de convidá-lo, mas não queríamos desistir, e ele, muito menos", acrescentou Anglade.

Para o ciclo brasileiro, em outubro, a Filarmónica terá a presença de outro gigante da MPB, Gilberto Gil. Diante do quadro ainda grave da crise sanitária global, os organizadores continuam cautelosos. "O fim de outubro é uma boa data. Dá tempo para organizar a sua visita. Mas, quando alguém tenta programar algo para daqui a dois meses, há muitas incertezas com o contexto sanitário", completou Anglade.

A Filarmónica teve de renunciar a outro grande nome da música brasileira, Chico Buarque, para 2021. "O projeto era ainda mais complexo porque tínhamos um artista brasileiro acompanhado por um conjunto orquestral inglês, para uma digressão europeia. Todas as luzes estavam vermelhas, então, estamos a trabalhar para um adiamento até 2022", revelou o curador.

Nos próximos meses, Paris vai receber concertos de outros grandes artistas, britânicos, ou norte-americanos: Ed Sheeran, Black Eyed Peas, Tom Jones, em setembro; Elton John, em outubro; e Alanis Morissette, em novembro.

"Não é uma aposta no futuro. A verdadeira aposta que fizemos foi o evento-teste (com o grupo Indochine no fim de maio), que mostrou que não havia risco ampliado de contágio durante o espetáculo", explica à AFP o diretor da Live Nation França, Angelo Gopee.

"Temos os recursos para controlar as pessoas com o certificado de vacinação ou teste negativo, o que é uma oportunidade, e não uma limitação", destacou.

Outros grandes artistas, principalmente norte-americanos, vão regressar aos palcos primeiro nos Estados Unidos, antes de viajar para a Europa, em 2022.

"Nem todos os países europeus têm a mesma taxa de vacinação, e uma digressão europeia de apenas dois ou três países não é interessante para artistas muito grandes, mas 2022 e 2023 serão anos excepcionais", prevê Gopee.

O apetite existe, recorda. "Colocamos à venda bilhetes para um concerto de Billie Eilish para junho de 2022 em Paris, e as 15.000 entradas acabaram em menos de cinco minutos", exemplificou.