Charlotte Arnould, a jovem atriz que apresentou uma queixa contra Gérard Depardieu por duas alegadas violações em 2018, disse à revista Elle, que vai para as bancas esta quinta-feira, que tem esperança que outras mulheres fizessem o mesmo depois dos depoimentos recolhidos pela investigação do jornal 'online' independente Mediapart [acesso pago] a 11 de abril.

"Entre as que falaram ao Mediapart, existem algumas para quem os factos não estão prescritos. Espero que estejam dispostas a apresentar queixa", declara Charlotte Arnould, 27 anos, que falou pela primeira vez à imprensa.

“Já são 13 testemunhos conhecidos, mas na minha opinião estamos bem abaixo da realidade”, salientou.

Gérard Depardieu acusado de comportamento sexual inapropriado por 13 mulheres em investigação da imprensa francesa
Gérard Depardieu acusado de comportamento sexual inapropriado por 13 mulheres em investigação da imprensa francesa
Ver artigo

"Marine Turchi [jornalista do Mediapart] diz que, desde a revelação da investigação, continua a receber depoimentos", acrescenta a atriz.

Gérard Depardieu foi indiciado a 16 de dezembro de 2020 por "violação" e "agressão sexual" após a denúncia de Charlotte Arnould, alegadamente ocorridos em agosto de 2018 na casa parisiense da estrela, um caso que continua em investigação pela justiça francesa após um primeiro arquivamento.

A atriz conseguiu no verão de 2020 que a investigação, inicialmente tratada pela Procuradoria de Paris em junho de 2019, fosse confiada a um juiz de instrução. O Tribunal de Recurso confirmou a acusação em março de 2022.

“Senti um grande alívio quando os testemunhos foram publicados no Mediapart”, comenta agora Charlotte Arnould.

"Oficialmente, não estou mais sozinha! É triste chegar a isto, mas também dá peso à minha história e ao meu caso", diz.

No verão de 2018, a jovem, na senda da uma carreira de bailarina mas que sofria de anorexia (dizia pesar "37 quilos" na altura), mudou de direção e foi selecionada para "Passion", peça encenada por Fanny Ardant.

A seu convite, dirigiu-se a Depardieu, um “amigo da família”, consciente da sua “doença”, a quem considerava o seu “paizinho do cinema” e em quem “necessariamente confiava”. Quando a sua denúncia chegou à imprensa, disse temer represálias de apoiantes russos do ator.

Quando a sua denúncia foi indeferida, Charlotte Arnould "colapsou", mas entrou com uma ação civil e a investigação foi retomada.

Em dezembro de 2021, chocada ao ver que "nada estava a acontecer" e que Gérard Depardieu continuava a sua carreira "enquanto eu sobrevivia", revelou a sua identidade no Twitter.

“No mundo profissional, [o caso] estava muito frio. Há uma omerta enorme”, acredita, irritada com Fanny Ardant, que fala de uma “desilusão amorosa".

"Todos os poderosos se apoiam uns aos outros. E depois, Depardieu é como o vinho, a salsicha: é a França, é intocável. Nos 'sets', ele liberta gazes, diz horrores, toda a gente ri, um pouco embaraçada... Ele impõem-se, brinca com isso", lamenta.

O ator de 74 anos "nega formalmente todas as acusações suscetíveis de serem abrangidas pelo direito penal", disse ao Mediapart o escritório de advogados Temime, responsável pela sua defesa.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.