Depois de oito anos, Ana Markl decidiu deixar o programa "Manhãs da 3". "Eu dei muito amor a este trabalho e vou-me embora porque sinto que não tenho mais amor para lhe dar", confessou nas redes sociais.

"Há trabalhos que não merecem amor, claro que há - porque nos drenam e nos exploram. Mas a rádio, no horário da manhã em particular, é um trabalho de amor, não pode ser de outra forma. Acordar às 5h30 todos os dias dói. Mas, como diria o meu primeiro companheiro das 'Manhãs da 3', o Luís Oliveira, lixado é ser mineiro. Ele não diz é 'lixado'", começou por escrever a radialista na sua conta no Instagram.

No texto, Ana Markl frisa que "é muito fácil perdermos o interesse por qualquer trabalho, por mais que gostemos dele: basta deixarmo-nos minar pela espuma dos dias": "O entusiasmo que esbarra na falta de vontade ou na falta de meios, o ar condicionado que não funciona, a empregada do bar que acordou mal disposta, a auto-sabotagem dos egos - enfim, as pequenas questiúnculas do quotidiano".

"Isto é exactamente como numa relação: se só ligarmos às meias espalhadas pelo chão, não há amor que resista. Ao longo destes 8 anos de manhãs, apanhei algumas meias. Mas a maior parte do tempo foi de pura alegria. Foi missão. Muito divertido, muito gratificante. Muitas vezes, foi um verdadeiro milagre", sublinha no texto.

Ana Markl escreve anda que a Antena 3 lhe deu "uma liberdade proporcional à paixão". "E daí adveio também uma enorme responsabilidade", acrescenta.

"Eu não quero ceder ao marasmo da dita espuma dos dias, mas também já não preciso de tanta intensidade. Preciso de descansar. Preciso de fazer outras coisas. De ter energia para o meu filho. Oito anos passaram num instante e numa eternidade: parece que foi ontem que estava numa piscina, numa noite de verão, a pensar que dali a dias começava a fazer manhãs na Antena 3 e lá se acabava a má vida. Entretanto, houve alegrias, tragédias, nascimentos e mortes, abraços e zangas. E uma pandemia pelo meio. Sobrevivemos", rematou.