De acordo com o relatório e contas de 2016, a fundação explica que a evolução negativa dos resultados se deve a “quatro principais fatores”, entre eles a redução dos rendimentos relativos a mecenato e patrocínios, onde se registou uma quebra de cerca de 252 mil euros em relação ao período homólogo.

Dentro desta categoria, o documento nota “a diminuição dos rendimentos da conta dos subsídios a exploração e outros entes públicos de 489,7 mil euros, dos quais 417,7 mil associados aos subsídios do Estado e outros entes públicos”.

Outro dos motivos prende-se com a queda dos “apoios diretos à programação, atendendo a que a Fundação Casa da Música beneficiou, de forma significativa, de programas da União Europeia, designadamente do Programa Regional do Norte, comparativamente com 2015, ano em que beneficiou de rendimentos decorrentes da candidatura ‘Here’s to the next 10’ no valor de 457,1 mil euros”.

As receitas das atividades comerciais, em que se inclui o restaurante, a loja e ainda o bar do espaço, que deixou de ser concessionado e passou para a gestão da fundação a 15 de abril de 2016, bem como a concessão a eventos externos, cresceram 23,4% em relação a 2015.

Os gastos de funcionamento aumentaram 8,2% face ao período homólogo, enquanto os gastos com pessoal desceram 0,1%.

Por seu lado, os gastos relativos à programação do espaço diminuíram 8,8%, embora os rendimentos associados aos eventos, da venda de bilhetes às digressões dos agrupamentos residentes e a coproduções, tenham também caído 2,6%.

Também os resultados financeiros sofreram quedas em 2016, com uma desvalorização de 27% face ao ano anterior, resultado “da redução do valor dos fundos que entretanto foram utilizados no financiamento da atividade”.

O Conselho Fiscal, no parecer positivo às contas de 2016, destacou o “desvio face ao orçamentado de 472 mil euros” que levou a um quinto ano consecutivo com prejuízo, pelo que recomenda que “o Conselho de Administração implemente as medidas necessárias para que esta tendência possa ser invertida”.

A fundação procurou “encontrar formas de financiamento alternativo ao financiamento do Estado Português”, entre elas a exploração de oportunidades de obtenção de fundos europeus, através do Programa Norte2020, ao qual foram apresentadas três candidaturas, bem como a intenção de explorar as atividades comerciais e “envolver mais a sociedade civil no financiamento da Casa da Música” através do mecenato, que ainda assim sofreu uma quebra em relação a 2015.

Outras medidas apontadas visam a aposta na estratégia de ‘marketing’ e comunicação e um aumento da programação extra, para aumentar a regularidade de eventos e “retirar mais benefícios económicos”.

Para equilibrar as contas, o esforço da Casa da Música levará, em 2017, a “um esforço suplementar de todas as partes comprometidas com o projeto, designadamente do público, que sentirá a subida considerável e generalizada dos preços dos bilhetes”, ainda que destaque os descontos para jovens em concertos de música erudita.

“O plano traçado pela Fundação Casa da Música comporta riscos, é certo, mas estamos confiantes de que serão ultrapassados com criatividade e perseverança”, acrescentou.