O disco "The Art of Peace: Songs for Tibet II", editado por ocasião do aniversário do líder espiritual tibetano, na passada segunda-feira, conta com remisturas e novas versões de temas de artistas como Peter Gabriel, Sting ou Kate Bush.

Numa tentativa de atrair as novas gerações, o álbum também conta com a participação de jovens artistas, como a neozelandesa Lorde e a banda islandesa de folk pop Of Monsters and Men.

"O Dalai Lama está acostumado com pessoas que já simpatizam com as suas ideias, mas sentiu que precisava de um foco mais voltado para os jovens, que talvez não estejam tão familiarizados com sua mensagem", afirma Rupert Hine, cantor e produtor britânico que coordenou a seleção musical.

O disco também recebeu as colaborações do quarteto vocal Beyond, que tem a presença de Tina Turner, do músico e ativista irlandês Bob Geldof, do cantor e compositor norte-americano Duncan Sheik, assim como dos britânicos Elbow.

Da política à celebração

Este é o segundo álbum da série "Songs for Tibet". O primeiro, de 2008, contou com as participações de artistas como Alanis Morissette, Garbage, Dave Matthews e Rush.

O primeiro disco foi lançado durante um momento de grande tensão no Tibete, onde uma rebelião contra o rígido controle chinês foi registada pouco antes dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Hine disse que o novo álbum tem como tema o longo compromisso do Dalai Lama, vencedor do Nobel da Paz, com a não violência e a compaixão.

O álbum anterior "era inerentemente político, pois estava vinculado com as Olimpíadas", disse Hine à AFP.

"Fiquei muito feliz ao ver [o disco] do outro lado do muro, de algum modo, e que se tenha transformado numa celebração dos seus 80 anos", completou.

O dinheiro arrecadado com a venda do álbum será destinados à Fundação da Arte da Paz, que tenta preservar a herança cultural tibetana.

Risco para os artistas na China

Com sua mensagem pacífica, meditativa e bom humor, o Dalai Lama ganhou uma grande quantidade de simpatizantes no Ocidente e entre as celebridades, como o ator Richard Gere e o falecido Adam Yauch, um dos integrantes dos Beastie Boys.

Yaunch ajudou a organizar os yudó a organizar os 'Tibetan Freedom Concerts' em todo o mundo a partir de 1996. No domingo passado, o Dalai Lama compareceu em Glastonbury para estimular os espectadores do famoso festival de música britânico a procurar a felicidade interior.

Mas à medida que aumenta a influência da China no mundo e a idade do Dalai Lama avança, Pequim busca isolar cada vez mais o líder budista, que teve de partir para o exílio na Índia em 1959.

Pequim acusa o Dalai Lama de defender a independência do Tibete, mas o líder espiritual afirma que deseja apenas obter mais liberdades, mas como parte da China.

A China criou uma lista de artistas abertamente contestatários, comoBjörk - que gritou "Tibete, Tibete" ao cantar o tema "Declare Independence" em Xangai em 2008 - e proibiu o álbum "Songs for Tibet".

Duncan Sheik, conhecido pelo hit de 1996 "Barely Breathing" e que fez sucesso recentemente como escritor de musicais, disse que apoiar o Dalai Lama representa muitos riscos para os artistas que tentam entrar no enorme mercado chinês.

"Não queres tornar-te uma 'persona non grata' para milhões de pessoas, mas não posso mesmo controlar isto", disse à AFP. "Que aconteça o que tiver de acontecer", sublinhou.

Budista praticante, Sheik colaborou no disco-homenagem com "Sometimes", uma canção do seu próximo álbum que explora as dimensões espirituais da vida quotidiana.

@AFP