“A travessia tem um ponto de partida, África. Começa em África e acaba aqui na Europa”, explica Stewart Sukuma, quando questionado sobre o que tem preparado para o público no dia 8 de novembro. Este espetáculo, que tem por base o disco “Boleia Africana”, caracteriza-se pelos duetos improváveis que permitem fazer uma viagem pela marrabenta, o fado, o flamenco e as demais influências que impactaram a vida e a carreira de Sukuma ao longo dos últimos 30 anos.

Luís Represas, Cuca Roseta, Costa Neto, Selma Uamusse e Ana Moura são alguns nos convidados com quem Sukuma irá dividir o palco neste espetáculo e todos eles, assegura o músico moçambicano, “têm um papel preponderante na construção e condução desta 'Boleia Africana' ao vivo”.

“Eu tenho de construir um caminho, construir as bases para que a geração que vem a seguir acredite mais e saiba que nós vencemos com uma música que nos identifica, mas que ao mesmo tempo é uma música que extrapola o local, o nacional”, conta Sukuma, dando conta do caminho que tem vindo a percorrer nos últimos anos. “Para mim, neste momento da minha carreira, [o foco] é consolidar aquilo que eu fiz a nível nacional e começar a levar a nossa música para fora, mas com o objetivo de ficar no mercado, para que sejamos uma referência sempre que se fale de Moçambique e da cultura moçambicana”, conclui.

Sukuma, cuja carreira está consolidada em Moçambique, aventura-se agora para novos terrenos, levando consigo a aprendizagem que 30 anos de música lhe facultaram. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. O sucesso, a fama e a estabilidade numa carreira não se conseguem em dois tempos, é preciso construir de forma consistente, é preciso muita paciência. O sucesso imediato é cosmética”.

Esta é, conta-nos Sukuma, a primeira vez que um moçambicano sobe ao palco do Coliseu dos Recreios como cabeça de cartaz e o músico acredita que “este espetáculo vai determinar se vale a pena os moçambicanos começarem a investir mais na música fora do país, vai determinar até que ponto os portugueses e todos os outros que atravessam os caminhos de Portugal acreditam na música moçambicana, e vai definir também um lugar que seja mais fixo e permanente da música moçambicana dentro do mercado”.

Antes de se despedir, Stewart Sukuma deixou a todos um convite: o de embarcarem nesta boleia de acordes transcontinental já apresentada em Maputo, onde foi muito bem recebida.

Foto @Edson Vital e Inês Alves