Dave Rowntree, batería del grupo de rock británico, en París el 19 de junio de 2025. (ALAIN JOCARD)

"Os Blurs definitivamente farão outra coisa", diz Dave Rowntree, baterista da banda de rock britânica, à France-Presse, prestes a publicar um livro de fotografias sobre os primórdios do icónico quarteto britpop.

Rowntree encontrou estas fotografias por acaso, numa caixa velha destinada ao lixo.

"Na minha memória, eram apenas fotografias de férias", diz o músico de 61 anos, entrevistado em Paris.

Com o tempo, elas tornaram-se um testemunho fiel da "nossa emoção por fazer todo o tipo de coisas pela primeira vez", confessa.

"No One You Know: Dave Rowntree's Early Blur Photos" será publicado a 9 de setembro e oferece uma visão dos bastidores dos primeiros dias de uma banda incipiente no final da década de 1980, pouco antes da explosão do britpop (rock alternativo no estilo britânico).

Espontâneas, às vezes desfocadas e com enquadramentos aleatórios, estas fotografias mostram Damon Albarn, o guitarrista Graham Coxon e o baixista Alex James, às vezes acompanhados pelo designer de iluminação Dave Byars.

Rowntree, por sua vez, está por trás das câmaras.

"Fizemos concertos bem pequenos para pouquíssimas pessoas. Tocávamos músicas que não eram populares nessa época", lembra.

Blur créditos: promocional

Com o contrato de gravação nas mãos e cigarros nos lábios, a banda descobriu o mundo.

"Muitas viagens, muitos camarins onde se procura desesperadamente por algo para fazer", relembra o baterista e fotógrafo, relembrando a época em que "fizeram coisas estúpidas" para passar o tempo durante a sua primeira digressão internacional.

Quando o vento do Britpop finalmente soprou a favor, os Blur descolaram com sucessos como "Girls & Boys" e "Song 2".

No entanto, a banda passou por turbulências, hiatos e reuniões: a última foi em 2023 com "The Ballad of Darren", um álbum seguido por uma digressão que passou por Wembley.

Desde então, o futuro tem sido incerto. Damon Albarn, que tem uma infinidade de projetos (Gorillaz, Mozart Revisited), mencionou o fim dos Blur diversas vezes.

Dacve, o seu colega de banda, não quer acreditar: "Não acho que acabou", diz.

"Não há um plano, os Blur não funcionam assim. Não temos reuniões de planeamento ou estratégia, é como se operássemos no momento", explica Rowntree, que teve outras vidas na música e na política, incluindo no Partido Trabalhista.

Os Oasis anunciaram uma digressão de reunião com grande alarde, começando esta sexta-feira em Cardiff, e os Pulp também planeiam um regresso triunfal aos palcos.

Mas, mais do que um 'revival' do Britpop, o artista vê nisso como uma evolução preocupante na indústria musical.

"Está a tornar-se cada vez mais difícil sobreviver a vender música gravada; os músicos precisam encontrar outras formas de sobreviver", portanto "muitas bandas veem-se forçadas a voltar à estrada", observa.

"É uma coisa boa, porque acho que é onde a música vive, na sala de concertos, perante o público. (...) Mas a desvantagem é que isso só funciona para bandas do nosso nível, Pulp, Blur, Oasis", acrescenta.

A tão aguardada digressão dos irmãos Gallagher (Oasis) também foi duramente criticada pelos preços dos bilhetes, que dispararam devido à tarifa dinâmica, uma ferramenta para maximizar a receita com a venda de bilhetes.

"É uma faca de dois gumes, não é? Por um lado, estou muito feliz que eles estejam em digressão", entusiasma-se Dave Rowntree, destacando "os benefícios económicos" gerados por esses milhões de bilhetes vendidos.

"Por outro lado, é uma pena que os bilhetes bons estejam tão caros agora", admite o músico, que havia comprado um, mas não poderá comparecer ao concerto. "Tive que dar de presente a um amigo!"