Mesmo com o verão preenchido, Afonso Rodrigues (vocalista, tanto aqui como nos Sean Riley & The Slowriders) apresenta-nos o novo grupo que inclui também Rai, dos The Poppers, Braúlio, antigo baixista dos Capitão Fantasma, e Carlos BB, baterista de Riding Pânico e do projeto Pernas de Alicate.

SAPO Música (SM) – Os Keep Razors Sharp podem ser considerados uma superbanda, uma vez que os elementos vieram todos de outros grupos. Como é que decidiram juntar-se?
Afonso (A) – Exatamente, partimos todos de outras bandas. No fundo os Keep Razors Sharp surgem de um encontro de amigos. Tínhamos de facto outros projetos, mas como éramos muito próximos acabávamos por passar muito tempo juntos. A dada altura o Bráulio (baixista) sugeriu que nos juntássemos. Todos estes elementos facilitaram muito a fusão. Inicialmente foi uma coisa muito descomprometida, a intenção nem era criar uma banda, era mais passarmos um bocado na sala de ensaios, só a tocar.

SM- Surgiu naturalmente e tem corrido bem…
A- Pois, por um lado é possível que não costume acontecer. Mas também, por vezes, são as coisas mais descomplexadas e descomprometidas em que as pessoas acabem por fazer aquilo que querem fazer e talvez depois essa naturalidade e essa verdade acabe por passar também para os outros.

SM- Definem o vosso som com como “uma orgia de vários estilos musicais”. Onde é que vão buscar inspiração para as letras?
A- Bom, as letras são sempre de alguma forma relacionadas com coisas que nós contactamos, sejam experiências pessoais ou experiências de pessoas que nos estejam próximas. Algumas são mais autobiográficas, mas eu não posso responder por todos porque eu não escrevo a totalidade das letras, o Rai escreve algumas e eu outras, depende das canções. Mas penso que no fundo o que acontece é isso mesmo, a necessidade de contar uma história ou um episódio que de alguma forma nos marca, podendo ser algo que vivemos diretamente ou algo que tenha acontecido a alguém próximo de nós. Esse tem sido, pelo menos, o motor do que tem acontecido na banda.

SM- Há alguma banda com que se identifiquem especialmente?
A- Há muitas bandas que nos inspiram e, acima de tudo, há muitas coisas que gostamos em comum mas também acontece o oposto, o que acaba por ser interessante e por contribuir para essa “orgia de estilos musicais”. Mas sim, há obviamente bandas que considero uma referência, como Brian Jonestown Massacre, The Jesus & Mary Chain e Spacemen 3.

Videoclip de "9th":

SM- Têm algum projeto em mente neste momento?
A- Neste momento o nosso projeto em mente é acabar o nosso álbum. Já fizemos duas sessões de estúdio em momentos diferentes, das quais foram retiradas estes singles que apresentámos até agora, e no início de agosto vamos embarcar numa terceira sessão. Estamos convencidos que será suficiente para chegarmos a um grupo de canções que será necessário para um disco. Deve sair um terceiro single entretanto e, até ao final do ano, deve sair o albúm. Esses são os projetos agora para o futuro. Já temos várias canções gravadas mas queremos gravar mais umas para ter uma base de escolha maior.

SM- O vosso novo single, “9th”, tem um vídeo algo psicadélico. De onde é que surgiu a ideia de o fazerem?
A- Os projetos acabam por ser definidos pelas pessoas que estão dentro deles e nós tínhamos mais ou menos uma ideia daquilo que queríamos fazer, mas acabou por ser uma contribuição de todas as partes. Do nosso lado, queríamos passar a ideia de um quotidiano normal mas de alguma forma, distorcida, exagerada e saturada até. Essa ideia acabou por ser materializada através das máscaras que a Sara Feio desenhou e construiu para o vídeo e também, muito disto foi concretizado através do editor do vídeo, Sérgio Pedro. A intervenção destes artistas deu o toque final.

SM – Como encaram a atuação num festival como o NOS Alive?
A- Estamos super contentes e expectantes. Dá-nos um prazer enorme tocar ao vivo sobretudo em festivais, que têm sempre uma atmosfera muito especial. O facto de estarem ali todas aquelas pessoas que nem sempre conhecem a banda obriga-nos a estar de bicos de pés e fazer com que as coisas corram especialmente bem, para as conseguirmos cativar. Tudo isso é uma experiencia muito forte e positiva e nós estamos muito entusiasmados com isso.

SM- De que forma pode contribuir para a banda esta oportunidade de participar num festival desta dimensão?
A- Não, acho que as coisas são construídas por vários momentos. Com certeza que se dermos um bom concerto no Alive vai-nos trazer coisas boas, mas não somos cabeças de cartaz, somos uma das muitas bandas que vão tocar no evento por isso, a pressão não é assim tanta. Vamos divertir-nos ao máximo e vamos tentar cativar o público.

SM- Têm o verão muito preenchido. Para além do NOS Alive, ainda vão atuar no Super Bock Super Rock, Festival Carviçais Rock e no Reverence Festival Valada…
A- É muito bom e super excitante, tendo em conta que colocamos à disposição das pessoas muito pouca coisa, só temos duas canções cá fora, portanto é muito gratificante para nós estarmos a ser reconhecidos por parte destas pessoas que organizam estes eventos. É um grande motivo de orgulho e dá-nos uma confiança extra para continuarmos a fazer aquilo que estamos a fazer.

Os Keep Razors Sharp atuam no NOS Alive, no Passeio Marítimo de Algés, a 11 de julho; no Super Bock Super Rock, no Meco, dia 18 de julho; no festival Carviçais Rock, em Torre de Moncorvo, a 12 de agosto, e no Reverence Festival Valada, em Valada do Ribatejo, no dia 13 de setembro.

@Marta Pinto Lobato