O editor discográfico Samuel Lopes, da Seven Muses, deu como exemplo “Fado Lisboa”, por Maria Clara, “Ambiente fadista”, por Manuel Fernandes, e “Oh minha rua”, por Natércia da Conceição, entre outros.

“Maria Clara não era fadista, fez opereta, cantou grandes êxitos como ‘Figueira da Foz’ e a ‘Marcha do Vapor’, logo esta gravação de um tema composto por Frederico Valério, é um achado e um dos destaques deste CD”, disse o editor.

Manuel Fernandes, falecido há 20 anos, “foi um dos expoentes fadistas das décadas de 1940 a 1970, senhor de uma excelente voz e interpretação, a quem a imprensa especializada do tempo nunca regateou elogios”. Em outubro último, foi editada pela Fundação Manuel Simões uma biografia do fadista, "Manuel Fernandes, uma história por contar", com fotografias e documentos inéditos.

Natércia da Conceição “é outro dos grandes nomes do fado, cujas gravações têm passado ao lado do digital”, disse. “Outras fadistas das quais rareiam as gravações são Flora Pereira e Maria do Rosário Bettencourt”, que interpretam, respetivamente, “Porque não dizes” e “Quadras Soltas”.

Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Maria Teresa Noronha, Mariana Silva e Maria José da Guia são outros nomes que fazem parte da seleção, ao lado de Fernando Farinha, Tristão da Silva, Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro e de seu filho, Alfredo Duarte Júnior, “conhecido como o fadista bailarino”.

O disco regista a informação dos acompanhadores de 19 dos 25 fadistas, encontrando-se, entre os instrumentistas, nomes como Martinho d’Assunção, Joel Pina, Raul Nery, Pais da Silva e Francisco Carvalhinho.

“No fado é fundamental o acompanhamento, pois o canto está intrinsecamente ligado à interpretação do fadista”, sublinhou Samuel Lopes, que realçou o facto de o disco incluir gravações com “um dos mais afamados conjuntos de guitarras, o de Raul Nery”.

Hermano da Câmara, ainda antes de professar votos religiosos, Fernando Farinha e Teresa Tarouca são os fadistas que são acompanhados por este conjunto, que era constituído por Nery, José Fontes Rocha, Júlio Gomes e Joel Pina.

Outro dos destaques, apontado por Samuel Lopes, é a gravação do tema “Minha dor”, por Maria Teresa de Noronha, apenas acompanhada por Raul Nery (guitarra portuguesa), Joaquim Vale, na viola, “músico conhecido no meio fadista como ‘o Covinhas’, e Joel Pina (viola baixo)”, que conta atualmente 94 anos.

Da lista de fadistas escolhidos, a mais nova é Maria da Fé, que interpreta “Sou Tua”, e a decana é Celeste Rodrigues, de 91 anos, que interpreta “Vento”.

Fernanda Maria e Ada de Castro, ambas distinguidas com o Prémio Amália Carreira, Lucília do Carmo, Vicente da Câmara e Tony de Matos são os nomes que completam a lista.

“Todos os nomes têm, entre outras questões, o facto de fazerem parte de um período de ouro da criação fadista”, rematou Samuel Lopes.

@Lusa