Um ganhou lugar de clássico da pop eletrónica, tornando-se presença obrigatória em muitas pistas de dança (e não só); outro é um dos hinos de estádios (e fora deles) mais portentosos dos últimos anos, desmentindo quem tinha decretado a morte do rock na viragem do milénio.

Um dos primeiros singles dos New Order e o mais popular da banda britânica, "Blue Monday" foi um sucesso apesar da estrutura pouco convencional tendo em conta o perfil da maioria das canções das tabelas de vendas. Os mais de sete minutos da versão original do tema, por exemplo, não impediram que este filho ilegítimo de Donna Summer e dos Kraftwerk, entre outras inspirações disco/eletrónicas, fosse acolhido como um dos maiores hinos hedonistas da década de 1980. A mistura do baixo de Peter Hook, da voz de Bernard Summer e de uma carga generosa de sintetizadores tornar-se-ia na marca registada dos New Order e teve aqui um dos exemplos pioneiros e mais determinantes.

"Seven Nation Army" foi um caso diferente. Chegou quando os White Stripes já tinham editado o seu álbum mais celebrado - o terceiro, "White Blood Cells" (2001) -, mas foi conquistando a posição de tema-chave do disco que o acolheu, "Elephant" (2003), e de todo o percurso de Jack e Meg White. Se "Blue Monday", dos New Order, marcou pontos pelo travo experimental, o hino dos norte-americanos não podia ser mais direto, com uma chuva de riffs e uma estrutura repetitiva a darem conta do recado. É daquelas canções que se trauteiam à primeira e que, mesmo depois de serem ouvidas e cantadas até à exaustão, mantêm uma força que poucas novidades do rock têm mostrado nos últimos anos.

New Order - "Blue Monday":

The White Stripes - "Seven Nation Army":

@Gonçalo Sá