O espetáculo “irá retratar a passagem da cantora pelos Estados Unidos, incluindo a interpretação de canções gravadas por Amália com temas da Broadway”, segundo comunicado que contextualiza a presença da fadista nos Estados Unidos.
O presidente da FAR, Vicente Rodrigues, realça que “o repertório de Amália nos Estados Unidos combinava fados tradicionais, fados-canção de Frederico Valério, canções tradicionais portuguesas e sucessos da Broadway e de Hollywood. Em 1965, gravou dois álbuns: ‘Amália Canta Portugal’, com canções tradicionais orquestradas por Joaquim Luís Gomes, e ‘Amália na Broadway’, lançado em 1984, com temas do ‘Great American Songbook’".
Amália começou a atuar nos Estados Unidos em 1952, no clube noturno La Vie en Rose, em Nova Iorque, uma sala cujo cartaz também incluía nomes como Edith Piaf e Marlene Dietrich. As suas atuações na América tiveram continuidade no Hollywood Bowl, no Lincoln Center e no Carnegie Hall.
Em 1966, foi solista em concertos sinfónicos com as orquestras filarmónicas de Nova Iorque e de Los Angeles, apresentando cantigas tradicionais portuguesas e fados, e “recebendo grande aclamação”, refere Vieira Nery.
Os temas escolhidos para o alinhamento são orquestrados pelos músicos e compositores Carlos Azevedo, Daniel Bernardes, Filipe Raposo, Pedro Duarte e Pedro Moreira.
No CCB, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) será dirigida pelo maestro Jan Wierzba. Entre outros, o concerto contará com as participações dos cantores Cristina Branco, Raquel Tavares e Ricardo Ribeiro.
“Este é um projeto ambicioso, agregador de várias instituições de referência, que se edifica a partir de um dos principais nomes da cultura portuguesa do século XX. O notável legado de Amália Rodrigues reforça-se e renova-se neste nosso tempo, através da recriação de arranjos orquestrais que permitirão à OSP, também ela embaixadora da nossa identidade cultural, estabelecer-se como interlocutora nesta confluência entre o fado, a música erudita e os clássicos da Broadway”, afirma Conceição Amaral, presidente do conselho de administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que tutela a OSP, citada pelo comunicado, sobre o concerto.
Rui Vieira Nery, por seu tuno, declara: “Amália tem um papel crucial na consagração do fado na cultura portuguesa e na sua universalidade. É um verdadeiro símbolo da nossa música tradicional e esta é uma justa homenagem ao legado que nos deixa”.
Amália Rodrigues (1920-1999) estreou-se em 1939, profissionalmente, no Retiro da Severa, em Lisboa. Em 1940 cantou em Madrid, ponto de partida de uma carreira internacional inédita que a levou a pisar diversos palcos do mundo, de Paris a Tóquio, passando por Nova Iorque, Rio de Janeiro e Roma.
O estudioso do fado Luís de Castro salientou à agência Lusa o facto de "Amália Rodrigues se ter tornado um ícone da cultura portuguesa e a sua grande divulgadora, através do fado e não só, além-fronteiras".
"Amália Rodrigues é, sem dúvida, a nossa maior intérprete", frisou.
A fadista, ao longo de mais de 50 anos de carreira, gravou fado, canções tradicionais portuguesas, 'rancheras' mexicanas, 'coplas' e flamenco, canções italianas e francesas, além de 'standards' norte-americanos, como "Who will buy", "Summertime" ou "Half as much".
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