A animação Wallace & Gromit está de volta numa nova longa-metragem a tempo das festas de Natal, o primeiro em duas décadas, e um gesto de desafio diante do vendaval da Inteligência Artificial (IA).

Como é tradição, "Wallace & Gromit: A Vingança das Aves" estreia exclusivamente na BBC para o público britânico na noite de 25 de dezembro, enquanto o resto do mundo poderá vê-lo na Netflix a partir de 3 de janeiro.

Nada mudou de facto para a dupla mais cativante do cinema de animação desde o vencedor do Óscar "Wallace & Gromit: A Maldição do Coelho-Homem" (2005). Na típica sala de estar britânica da sua casa de tijolos, Wallace, o excêntrico inventor, e Gromit, o seu cão fleumático, desfrutam da sua melhor vida: poltrona, bandeja de queijos e chá.

Esta vida pacata é virada de cabeça para baixo pela nova invenção de Wallace: Norbot, um robô 'inteligente' que faz tudo.

Especialista em limpeza e jardinagem, este assistente com tecnologia de IA promete livrá-los das tarefas domésticas e torná-los ricos.

Mas eles não contam que Norbot cairá nas mãos de Feathers McGraw, o pinguim malvado que está preso desde a curta-metragem "Wallace & Gromit: As Calças Erradas", lançado em 1993.

"Norbot é a melhor invenção de Wallace de todos os tempos", diz o criador da animação, Nick Park, numa entrevista à agência France-Presse.

Vencedor de várias estatuetas dos Óscares, Park deu nova vida a uma das técnicas mais antigas do cinema: 'stop motion' ou animação plano a plano. Um trabalho artesanal meticuloso com bonecos de plasticina ou espuma de látex.

"Uma faca muito afiada"

Rodagem de "Wallace & Gromit: A Vingança das Aves"

No novo filme, Wallace e Gromit possuem visões opostas sobre a tecnologia.

Adequado para todos os públicos, a longa-metragem faz uma divertida referência ao surgimento da Inteligência Artificial, a tecnologia que invade nossas vidas profissionais e pessoais.

"Wallace é completamente obcecado pela ideia de delegar tarefas ao seu robô, enquanto Gromit representa o toque humano", explica Park.

O filme "fala sobre retomar o controlo e encontrar um equilíbrio" perante o avanço da tecnologia", diz o realizador.

"Adoro o facto de termos acesso à tecnologia, mas às vezes é preciso questionar se ela melhora as nossas vidas e relacionamentos ou se os prejudica", reflete o cineasta.

Merlin Crossingham e Nick Park

"A Inteligência Artificial é como uma faca muito afiada: pode ser usada tanto para uma cirurgia quanto para um assassinato", ilustra o correalizador Merlin Crossingham.

Para rodar o novo filme, "até onde sabemos, não usamos Inteligência Artificial", brinca Park. "Tudo é feito por seres humanos reais, e esperamos que isso seja percebido no ecrã".

Mais de 200 pessoas trabalharam com as figuras de massa de modelar, produzindo apenas dois minutos de filme por semana.

VEJA O TRAILER DOBRADO.