Entre o lançamento de "Bound- Sem Limites" (1996) e "Speed Racer" (2008), passando pela trilogia "Matrix" (1999-2003) que mudou as suas carreiras, a dupla de cineastas deixou a sua marca na Sétima Arte com a assinatura de "irmãos Wachowski".

Em 2012, após alguns anos de rumores, Larry Wachowski assumiu que era transgénero e fez a transição para Lana Wachowski, nome que já apareceu ao lado do irmão Andy Wachowski nos créditos dos filmes "Cloud Atlas" (2012), surgindo simplesmente como 'The Wachowskis' em "Ascensão de Júpiter" (2015).

Esta terça-feira, 8 de março, foi a vez do irmão Andy assumir a sua transição e passar a chamar-se Lilly Wachowski.

O anúncio, que Lilly assume ter antevisto com "horror e/ou exasperação", foi precipitado pela ameaça de vários jornais em expor a mais jovem das Wachowski.

Decidindo avançar nos seus próprios termos, fez uma longa declaração ao Windy City Times, cujo título é "Choque de mudança de sexo - irmãos Wachowski agora são irmãs!!!".

"A 'notícia' esteve quase a sair por duas vezes", escreveu antes de acrescentar: "Cada uma antecedida por um email sinistro do meu agente - jornalistas têm pedido declarações em relação à história da 'transição de Andy Wachowski' que estão prestes a publicar."

"Portanto, sim, sou transgénero. E sim, passei pela minha transição. Assumi perante os meus amigos e família. A maior parte das pessoas no trabalho também sabem. Todos estão tranquilos com isto. Sim, graças à minha irmã fabulosa eles já passaram por isto antes, mas também porque são pessoas fantásticas. Sem o amor e o apoio da minha esposa e amigos e família, não estaria aqui hoje", disse Wachowski.

Lilly cita um filme — o oscarizado "O Silêncio dos Inocentes" (1991) — como tendo "demonizado e vilipendiado" a comunidade transgénero pela sua representação do assassino em série Jame "Buffalo Bill" Gumb, interpretado por Ted Levine.

"Ser transgénero não é fácil. Vivemos num mundo de orientação de género maioritariamente binária. Isso significa que quando se é transgénero, temos de encarar a dura realidade de passar o resto da vida num mundo que é abertamente hostil", acrescentou.

"E embora tenhamos percorrido um longo caminho desde 'O Silêncio dos Inocentes', continuamos a ser demonizados e vilipendiados nos media, onde anúncios hostis nos representam como potenciais predadores para nos impedirem sequer de usar a maldita da casa de banho", continuou.

"As intituladas 'bathroom bills' que estão a aparecer por todo o país [propostas apresentadas por legisladores para obrigar os transgénero a usar as casas de banho de acordo com o género a que pertenciam quando nasceram] não mantêm as crianças seguras e forçam as pessoas transgénero a usar casas de banho onde podem ser espancadas ou mortas. Não somos predadores, somos presas."