Um novo filme "Matrix" recebeu luz verde para avançar.

Ou, fiel ao espírito da popular saga de ficção científica, entre o comprimido azul para esquecer o que aconteceu e o vermelho para se libertar da realidade virtual, o estúdio Warner Bros. anunciou esta quinta-feira, 25 anos e três dias após a estreia do primeiro filme, um quinto capítulo da saga, que será escrito e realizado por Drew Goddard.

Com o projeto numa fase muito inicial e sem data de estreia, ainda não se sabe se poderão regressar Keanu Reeves, Carrie Anne-Moss, Laurence Fishburne ou Hugo Weaving, os atores centrais dos filmes anteriores.

Dirigidos pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski, os três primeiros capítulos — "Matrix" (1999), "The Matrix Reloaded" (2003) e "The Matrix Revolutions" (2003) — foram grandes sucessos de bilheteira, arrecadando mais de 1,8 mil milhões de dólares a nível mundial, apesar de apenas o primeiro ser considerado um clássico: ganhou quatro Óscares, revolucionou a indústria dos efeitos especiais, inspirou imitações, debates religiosos e filosóficos, e influenciou videojogos, desenhos animados, bandas desenhadas e outras áreas.

Lana Wachowski será produtora executiva (uma posição muitas vezes apenas simbólica), depois de ter assinado sozinha um quarto filme, "Matrix Resurrections" (2021), que foi um fracasso comercial.

Ainda assim, "Matrix" continua a ser uma das propriedades intelectuais mais reconhecidas do mundo e entre o terceiro e quarto filmes, o estúdio Warner Bros. tentou ressuscitá-la várias vezes.

O novo 'escolhido' começou na indústria nos anos 1990 a escrever para a série "Buffy, A Caçadora de Vampiros", a que se seguiram o 'spin-off' "Angel", "Alias - A Vingadora", "Perdidos", "Daredevil" e, mais recentemente, "The Good Place".

Ainda como argumentista, estreou-se no grande ecrã com "Nome de Código: Cloverfield" (2008) e foi um dos vários chamados para ajudar na problemática história de "WWZ: Guerra Mundial" (2013), já depois de, pela mão de Joss Whedon, o criador de "Buffy", se ter estreado como realizador com o aclamado filme de terror "A Casa na Floresta" (2011).

O segundo filme atrás das câmaras foi "Sete Estranhos no El Royale" (2018), após se abrirem novas oportunidades na indústria depois do seu elogiado trabalho como argumentista na adaptação de "Perdido em Marte" (2015), de Ridley Scott, que o colocou na corrida aos Óscares.

“O Drew chegou à Warner Bros. com uma nova ideia que todos acreditamos que seria uma forma incrível de continuar o mundo 'Matrix', honrando o que Lana e Lilly começaram há mais de 25 anos e oferecendo uma perspetiva única baseada no seu próprio amor pela saga e as personagens. Toda a equipa da Warner Bros. Discovery está entusiasmada com o facto de Drew estar a fazer este novo filme 'Matrix', adicionando a sua visão ao cânone cinematográfico que as Wachowski passaram um quarto de século a construir aqui no estúdio", disse no comunicado oficial Jesse Ehrman, presidente da produção.

“Não é exagero dizer que os filmes 'Matrix' mudaram tanto o cinema quanto a minha vida. A arte requintada de Lana e Lilly inspira-me diariamente e estou muito grato pela oportunidade de contar histórias no seu mundo”, disse no mesmo texto o novo realizador e argumentista.

Uma revolução chamada "Matrix"

Matrix (1999)

"Matrix" narrava a história de um grupo de rebeldes que lutam contra uma realidade virtual, controlada por Inteligência Artificial, para libertar os seres humanos.

Tudo começava com Thomas Anderson, um jovem programador que fora das horas de serviço era conhecido por Neo e era um 'hacker' que nas suas buscas informáticas perseguia a Matrix e um personagem que dava pelo nome de Morpheus. A esperança de encontrar as respostas que procurava levavam-no a um ponto em que a sua vida nunca mais seria a mesma.

A saga representou uma pequena revolução para a ficção científica no cinema e o papel de Neo marcou um antes e depois na sua carreira de Keanu Reeves.

Quase tudo que diz respeito a "Matrix" rompeu moldes na época do lançamento do primeiro filme, em 1999. Na época, os Wachowski eram dois irmãos, que anos depois mudaram de sexo.

O filme causou grande sensação no cinema ao introduzir noções como o metaverso, ou pelos seus efeitos especiais, que conseguiram "desacelerar" o tempo ao redor dos personagens.

A saga foi uma mistura ousada de mitos eternos, como o do herói predestinado a salvar a humanidade, com teorias inéditas, como a de uma realidade inexistente, composta por códigos de computador infinitos.

A sequência de Neo no topo de um arranha-céus, lutando contra os vilões, inclinado de forma inverossímil enquanto as balas passam lentamente próximas ao seu corpo, é uma das mais famosas do primeiro "Matrix" - uma proeza visual imitada em várias megaproduções.

A câmara movimentava-se livremente ao redor dos personagens imóveis, um efeito especial conhecido como "bullet time".

Em "Matrix", a ideia foi aplicar a nova técnica às cenas de combate, o que exigiu muitos recursos, pois a mesma cena precisava ser filmada simultaneamente, a partir de dezenas de pontos de vista diferentes.

O filme também introduziu uma teoria de ficção científica que, com o passar dos anos, ganhou ramificações inesperadas: a ideia de que a realidade que nos cerca é simulada, um código de computador que é criado e recriado de forma incessante, com infinitos milhões de letras e números que apenas alguns "escolhidos" são capazes de ver.

Alguns fãs consideram ainda que "Matrix" previu o século XXI, por exemplo, ao descrever o controle das relações sociais por gigantes como o Facebook.

COMO ESTÃO OS ATORES DE "MATRIX".