A caminho dos
Óscares 2025
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“É um género que tem inspirado muito do meu trabalho”, afirmou o realizador nos bastidores dos Prémios da Academia, onde respondeu a perguntas dos jornalistas.
“O que é tão importante sobre o realismo social é que se foca na verdade e muitas vezes faz estudos de caráter, por vezes baseado em problemas, e põe em destaque assuntos que devem ser falados”.
Para Sean Baker, esse tema é o dos trabalhadores do sexo, algo em que focou os últimos quatro filmes e que triunfou em “Anora”.
“De certa forma é uma culminação”, reconheceu. “A pesquisa que fiz para esses filmes e o que eles me ensinaram levou-me a ‘Anora’, era para aí que eu caminhava”.
Baker também salientou que a sua posição pessoal é que o trabalho sexual deve ser legalizado. “É a profissão mais antiga e ainda assim tem um estigma incrível e injusto”, afirmou. “O que tenho tentado fazer com os meus filmes é desmontar esse estigma”, continuou, falando da humanização das pessoas envolvidas nesse trabalho em vez de fazer caricaturas delas.
O facto de ter vencido pessoalmente quatro Óscares – Melhor Realização, Melhor Argumento Original, Melhor Edição e Melhor Filme – foi ainda mais significativo pelo orçamento minúsculo do filme, seis milhões de dólares, contra ‘blockbusters’ de estúdios poderosos e de bolsos fundos.
“É maravilhoso que a Academia esteja a reconhecer filmes independentes”, salientou Sean Baker. “Saltamos sempre para estes projetos sabendo que vamos ter de competir com filmes que têm orçamentos quase 100 vezes maiores que o nosso”, lembrou.
“Saber que conseguimos entrar na mesma sala que filmes como ‘Wicked’, que é excelente mas totalmente diferente, significa que estamos a fazer qualquer coisa certa”.
Baker sublinhou que a Academia tem premiado mais cinema independente, e isso não só aconteceu este ano com “Anora” mas também com “O Brutalista” (três Óscares) e “Flow”, uma produção da Letónia que bateu sucessos como “Divertida Mente 2” e “Robot Selvagem” para levar a estatueta de Melhor Longa-Metragem de Animação.
“Anora” recebeu cinco dos seis Óscares para que estava nomeado, uma taxa de sucesso impressionante e muito superior à dos filmes que lideravam em nomeações – “Emilia Pérez” venceu duas de 13 categorias, “O Brutalista” venceu três de dez e “Wicked” levou para casa duas estatuetas em dez.
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