Está encontrado o grande favorito aos Óscares: chama-se "Anora".

Numa temporada que estava excecionalmente em aberto este ano, seis filmes eram vistos com potencial para a grande vitória a 2 de março: "Emília Perez" (13 nomeações), "O Brutalista" e "Wicked" (10), "Conclave" e "A Complete Unknown" (8) e precisamente "Anora" (6).

Veja aqui a lista completa de nomeados aos Óscares 2025
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Mas o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes sobre uma jovem stripper nova-iorquina que se casa com o filho de um multimilionário russo num romance turbulento e condenado afirmou o estatuto de forma espetacular com uma dupla vitória em duas importantes cerimónias que decorreram esta sábado nos EUA (madrugada de domingo em Portugal).

Primeiro, foi a vitória de Sean Baker na 77.ª cerimónia dos Prémios do Sindicato dos Realizadores (Directors Guild of America Awards, DGA), onde estavam nomeados Jacques Audiard ("Emília Perez"), Edward Berger ("Conclave"), James Mangold ("A Complete Unknown") e aquele que era considerado o favorito, Brady Corbet ("O Brutalista").

O prémio é considerado um dos melhores indicadores para a corrida aos Óscares: 19 dos últimos 22 vencedores ganharam a estatueta dourada de Melhor Realização, incluindo Christopher Nolan com "Oppenheimer" há um ano.

Ainda mais determinante: apenas oito dos vencedores das 76 edições anteriores dos DGA Awards não conquistaram a seguir o Óscar.

“O meu síndrome do impostor está a disparar agora, assim como meus níveis de cortisol. É uma honra ser reconhecido pelos meus colegas.”, disse o surpreendido premiado, que agradeceu à sua equipa, atores e técnicos e estúdio.

Aos produtores, confessou: "Obviamente torturei-vos e peço muita desculpa. Foram capazes de concretizar um filme de 6 milhões de dólares rodado em película na cidade de Nova Iorque em 2023 - quase uma impossibilidade".

Sean Baker com o prémio recebido das mãos de Christopher Nolan

Menos de uma hora depois neste 'super sábado' de Hollywood, "Anora" era anunciado como o Melhor Filme de 2024 na 36.ª edição dos Prémios do Sindicato de Produtores americanos (PGA, na sigla inglesa), ultrapassando "O Brutalista", "A Complete Unknown", "Conclave", "Emília Pérez", "Wicked", “O Atentado de 5 de Setembro”, “Dune -Duna: Parte 2”, "A Substância" e “A Verdadeira Dor".

Os PGA e Óscares também coincidiram no vencedor 16 vezes nos últimos 21 anos, incluindo com "Oppenheimer".

As duas organizações coincidem na escolha do Melhor Filme pelo sistema de voto preferencial: os votantes ordenam os títulos por ordem de preferência no boletim e os menos votados em primeiro lugar vão sendo eliminados e esses boletins transferidos para os filmes que estão a seguir na lista. O processo de eliminação repete-se sucessivamente até que um filme tenha mais de 50% dos votos.

Na sexta-feira, o filme de Baker ganhara um inesperado Melhor Filme (e apenas esse) nos Critics Choice Awards, um primeiro grande impulso na temporada de prémios para a sua campanha, afetada por ter ficado a zeros nos prémios rivais dos Globos de Ouro a 5 de janeiro, que escolheram "O Brutalista" como o Melhor Filme em Drama Realização, e "Emília Pérez" como o Melhor Filme em Comédia ou Musical.

O próximo grande teste à candidatura de "Anora" será nos BAFTA, os prémios da Academia Britânica de Cinema, no próximo domingo, 16 de fevereiro.

Os outros DGA Awards

Na categoria para os que se estreiam na realização das longas-metragens de ficção, RaMell Ross foi um mais previsível vencedor por "Nickel Boys", ultrapassando Payal Kapadia ("All We Imagine as Light"), Megan Park ("My Old Ass"), Halfdan Ullmann Tøndel ("Armand") e Sean Wang ("Dìdi").

Esta categoria, que existe desde 2015, tem menos impacto: RaMell Ross não foi nomeado para os Óscares na categoria, mas sim para Melhor Argumento Adaptado e "Nickel Boys" está para Melhor Filme.

Nos prémios para televisão, destaque para "Shōgun" em Série de Drama (pelo episódio 'Crimson Sky'), "Hacks" em Série de Comédia (com 'Bulletproof', o último episódio da terceira temporada) e "Ripley" nos Telefilmes ou Minisséries.

E os outros PGA Awards

Entre muitas categorias, o sindicato dos produtores também fizeram o favoritismo para os Óscares virar-se para "Robot Selvagem" com a vitória em Melhor Longa-Metragem de Animação, onde estava nomeado o grande rival "Flow - À Deriva" e ainda "Divertida-Mente", "Vaiana 2" e "Wallace & Gromit: A Vingança das Aves".

Nos 19 anos em que existe a categoria, PGA e os Óscares coincidiram 14 vezes, mas as oito que tinham sido de forma consecutiva tiveram uma interrupção no ano passado, quando os primeiros escolheram "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" e os segundos preferiram entregar a estatueta dourada a "O Rapaz e a Garça".

O Melhor Documentário foi "Super/Homem: A História de Christopher Reeve", que não foi nomeado para os Óscares.