O filme “Rush Hour”, da realizadora argentina Luciana Kaplan, venceu o prémio para Melhor Longa-Metragem da 5.ª edição do Festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino, anunciou a organização da iniciativa que terminou este domingo, em Lisboa.
Os vencedores foram anunciados ao final do dia numa cerimónia que decorreu no Cinema São Jorge, espaço que acolheu a 5.ª edição do festival, que começou na quinta-feira.
O júri considerou que “Rush Hour” é "um trabalho que, partindo de uma estrutura e linguagens mais convencionais, consegue ainda assim dar um corpo justo a três personagens inter-distantes, reféns de uma semelhante opressão diária”.
“Através de um retrato cuidado, o filme contrasta três geografias sociais distintas, em marcha contra a mesma esgotante jornada, viajando desde o esperado luto do tempo, obliterador de vida e relações pessoais, ao terror constante pela integridade física, num mar de corpos onde a violência de género e as algemas diárias de domesticidade são silenciadas”, lê-se num comunicado divulgado pela organização do festival.
O prémio de Melhor Curta-Metragem desta edição foi atribuído ao filme de animação “Areka (The Ditch), do coletivo espanhol Atxur Animazio Taldea. Para o júri, o filme “levanta, através de uma história pessoal, questões importantes sobre a memória de uma nação”.
Na categoria de Curta-Metragem foi ainda atribuída uma Menção Honrosa a “Marlon”, da francesa Jessica Palud, "pela sua consistência e qualidade formal e narrativa”.
Em Travessias, secção que aborda a crise de migrações, foi distinguido “Mr.Gay Syria”, da realizadora turca Ayse Toprak, "pela coragem em expor as relações entre homens num contexto em que ainda é proibido amar em liberdade e em contar com humor e sensibilidade as histórias dos protagonistas de uma comunidade ainda pouco representada e duplamente marginalizada”. Este filme venceu ainda o prémio do público para Melhor Longa-Metragem.
O júri atribuiu ainda nesta secção uma Menção Honrosa a “Avant le fin de l’Été”, da franco-belga Maryam Goormaghtigh, "pela forma inteligente como se relaciona com as personagens e deixa espaço para que sobressaiam, mostrando com ternura e ironia a história de uma amizade”.
Na secção competitiva Começar a Olhar, dedicada a obras feitas em contexto escolar ou de formação, o prémio de Melhor Filme foi atribuído a “Layla Hasar Sahar (A night with no Dawn)”, de Sara Boszakov, "pela maturidade revelada na abordagem à questão atual e premente dos refugiados, aliada a uma estética particularmente cuidada e a um belíssimo trabalho de direção de atores”.
Nesta secção, o júri distinguiu ainda, com uma Menção Honrosa, o filme “Event Horizon”, de Joséfa Celestin, “por mostrar e questionar os dilemas da adolescência e do crescimento de forma surpreendente”.
O prémio do público para Melhor Curta-Metragem foi para “Irioweniasi. El Hilo de la Luna”, de Esperanza Jorge e Inmaculada Antolínez.
Iniciativa do grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), o festival, dedicado a "filmes que resultam do trabalho criativo de mulheres" de países do Mediterrâneo ou dedicados às suas realidades, tem por objetivo mostrar "obras que dificilmente encontrariam lugar" nos circuitos comerciais de distribuição cinematográfica.
Durante o festival, o Cinema São Jorge acolheu ainda as exposições “Instantâneos Mediterrânicos, um Tríptico Grego” (fotografia) e "Campos de Batalha" (instalação), sobre migrantes bloqueados no Norte de África.
O CRIA congrega polos de investigação das universidades de Coimbra, do Minho, da Nova e do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.
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