O que é um pequeno ser amarelo que adora bananas e respeita o Estado de Direito?

Um Mínimo, pelo menos segundo a versão editada do último filme de animação com o supervilão Gru e o seu exército de pequenos ajudantes que está a ser exibido na China.

A quinta parte da lucrativa franquia "Gru, o Maldisposto", intitulada "Mínimos 2: Ascensão de Gru", estreou na China a 18 de agosto, várias semanas após o lançamento nos cinemas dos EUA e de outros país.

Mas enquanto a versão internacional ambientada na década de 1970 em São Francisco conta a história de como o ignóbil Gru ganhou experiência como um criminoso adolescente, os espectadores na China são tratados com um final alternativo onde a polícia vence.

Uma série de imagens com legendas nos créditos assegura ao público que a polícia deteve o mentor de Gru, Wild Knuckles, e prendeu-o durante 20 anos após um assalto fracassado.

No resto do mundo, os espectadores simplesmente veem Knuckles a escapar à polícia, forjando a sua morte no início das cenas finais do filme, mas a versão da China dá um uso positivo na prisão aos seus talentos como vigarista, descobrindo a sua "paixão pela representação" e criando uma companhia de teatro.

Quanto a Gru, torna-se um pai exemplar e regressa "ao caminho certo", apesar do filme ser uma prequela e isso ignorar vários "Gru, o Maldisposto", ainda que o super vilão acabe de facto por fazer essa transição.

Não é a primeira vez que um filme estrangeiro popular é alterado para os cinemas na China, onde a indústria do entretenimento enfrenta algumas das regras de censura mais rígidas do mundo e tem a tarefa de promover valores "saudáveis".

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"Clube de Combate", o clássico de culto de 1999 realizado por David Fincher com Brad Pitt e Edward Norton, recebeu um tratamento semelhante quando a plataforma de streaming chinesa Tencent Video disponibilizou em janeiro uma versão onde a polícia chega a tempo de estragar o plano do protagonista de deitar abaixo a civilização moderna.

E o muito antecipado regresso da série de comédia "Friends" às plataformas de streaming chinesas em fevereiro provocou a fúria entre os fãs após notarem que uma história LGBTQ foi cortada.

Não se sabe se o final de "Mínimos 2" foi alterado devido às exigências dos censores ou se os produtores consideraram uma conclusão mais digerível para o mercado chinês.

O estúdio Universal não respondeu de imediato ao pedido de comentário da AFP.

A reação nas redes sociais ao final chinês foi mista, com uma pessoa na plataforma Weibo, semelhante ao Twitter, a dizer que tinha ido ao cinema especificamente para ver o novo final, mas ficou desapontado por ser "apenas legendas".

Outros fãs ficaram chateados com a descontinuidade entre a transformação virtuosa do jovem Gru no novo filme, uma prequela, e o comportamento continuado de vilão nos outros filmes, ambientados nos dias atuais.

"Só podemos dizer que o Gru dos filmes principais vive noutro universo paralelo dos Mínimos", queixou-se um utilizador da Weibo.