A 5.ª edição do Festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino realiza-se de 27 a 30 de setembro, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e conta com oito curtas-metragens portuguesas, entre os 51 filmes selecionados.

Iniciativa do grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), o festival, dedicado a "filmes que resultam do trabalho criativo de mulheres" de países do Mediterrâneo ou dedicados às suas realidades, tem por objetivo mostrar "obras que dificilmente encontrariam lugar" nos circuitos comerciais de distribuição cinematográfica.

Este ano, o festival Olhares do Mediterrâneo, segundo a organização, envolve nove longas-metragens e 42 curtas e médias metragens, 28 ficções e 13 documentários, produzidos ou coproduzidos por 27 países, sendo 39 desses filmes apresentados em Lisboa em estreia nacional ou internacional, num total de 22 horas de programação.

A abertura cabe à longa-metragem "Figlia Mia" ("Daughter of Mine"), de Laura Bispuri (foto), em estreia nacional, sobre uma menina da Sardenha, adotada, dividida entre duas mães, uma produção italo-geramano-suíça que venceu este ano o prémio do júri da Competição Jovem Cinema do festival de Hong Kong.

Na competição de curtas-metragens, há quatro filmes portugueses de animação: "Odd é um ovo", coprodução luso-norueguesa, de Kristin Ulseth, premiada no Festival de Tribeca, em Nova Iorque, "Habitado", de Daniela Fortuna, menção honrosa no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, "Tocadora", de Joana Imaginário, distinguido nos Caminhos do Cinema Português, e "Razão entre dois volumes", de Catarina Sobral, selecionado para o Monstra, em que a ilustradora retoma as personagens de Sr. Cheio e Sr. Vazio.

O documentário "O descanso na intensidade das cores", de Francisca Marvão e Tatiana Saavedra, coprodução luso-romena sobre a superação da morte, apresentada no DocLisboa, no ano passado, e "Grass", trabalho de ficção de Filipa Amaro, sobre um jardineiro, o seu relvado e golfistas como estorvo, também fazem parte da competição de 'curtas' do festival.

A secção competitiva Começar a Olhar, dedicada a obras feitas em contexto escolar ou de formação, inclui "Pesar", de Madalena Rebelo, uma memória familiar que recebeu o prémio especial do júri da secção Verdes Anos do DocLisboa, em 2017.

Travessias, secção que aborda a crise de migrações, faz a estreia mundial do documentário “A minha Kaaba é o humano", de Sinam Tas, uma produção portuguesa, sobre seis refugiados. O título remete para Kaaba, "a casa de Deus" na mesquita de Meca, e evoca o Alevismo e o Bektashismo, filosofias que colocam a humanidade no centro de todos os valores.

Entre os 11 filmes sobre migrações e êxodos, da secção Travessias conta-se a estreia nacional de "Son of Sofia", de Elina Psikou, história de uma separação através do olhar de uma criança de 11 anos (melhor longa no Tribeca Film Festival), e "Mr. Gay Syria", de Ayse Toprak, sobre dois refugiados sírios homossexuais, numa projeção acompanhada de debate.

O filme de encerramento do festival, "Before Summer Ends", de Myryam Goormaghtigh, pertence igualmente à secção Travessias e recebeu a menção especial do júri, no London Film Festival.

A competição geral conta com mais cinco longas-metragens em estreia, além do filme de abertura: "Fields of Anger", documentário de Anne Gintzburger, narrado por Catherine Deneuve, sobre a crise agrícola em França, "Análisis de Sangre Azul", de Bianca Torres e Gabriel Velázquez, experência médica que conquistou a melhor realização, no Festival Cinespagna de Toulouse, "My Short Words", com que a dupla turca Büsra e Bekir Bülbülos aborda o universo infantil, e os documentários "Improsioned Lullaby", de Rossella Schillaci, premiado em Itália e França, e "Rush Hour", de Luciana Kaplan, distinguido pelo South by Southwest, nos Estados Unidos.

A secção de curtas-metragens, entre os mais de 20 títulos inclui "Get up, Kinshasa!", coprodução franco-congolesa, de Sébastien Maitre, premiada no festival Clermont-Ferrand, em 2017.

Fora de competição, sob o lema "Diários do Vale do Jordão", serão exibidos os vídeo-diários “The Dream Will Never Come True”, de Khadijeh Bsharat, e “A Weekend Visit Home”, de Nivin Bsharat, duas realizadoras do coletivo israelita B’Tselem, que se opõe à ocupação da Palestina.

Durante o festival, o Cinema São Jorge acolhe as exposições “Instantâneos Mediterrânicos, um Tríptico Grego” (fotografia) e "Campos de Batalha" (instalação), sobre migrantes bloqueados no Norte de África.

O CRIA congrega polos de investigação das universidades de Coimbra, do Minho, da Nova e do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa.

A programação do festival está disponível em www.olharesdomediterraneo.org.