A caminho dos
Óscares 2025
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O filme, realizado por dois israelitas e dois palestinianos, relata os esforços do exército israelita para demolir casas de cidadãos palestinianos numa zona do sul da Cisjordânia, conhecida como Masafer Yatta.
"Nós fizemos este filme, palestinianos e israelitas, porque juntas as nossas vozes são mais fortes", disse o realizador israelita Yuval Abraham, na aceitação do Óscar.
Yuval Abraham apelou ao fim da "destruição atroz de Gaza e do seu povo", e à libertação dos reféns israelitas, "brutalmente capturados no crime de 7 de outubro [de 2023]", pelo Hamas.
"Quando olho para Basel [Adra]", realizador palestiniano de "No Other Land", "vejo o meu irmão, mas somos desiguais", prosseguiu Yuval Abraham. "Vivemos num regime em que sou livre ao abrigo da lei, e Basel está sujeito a leis militares que lhe destroem a vida e que ele não consegue controlar".
Abraham, na sua intervenção, apelou a "um caminho diferente, uma solução política, sem supremacia étnica, com direitos nacionais para ambos os povos".
O realizador israelita deixou ainda uma crítica à administração norte-americana: "Devo dizer que, enquanto aqui estou, a política externa deste país está a ajudar a bloquear esse caminho".
Abraham sublinhou que os dois povos, israelita e palestiniano, estão interligados. "O meu povo pode estar realmente seguro se o povo de Basel estiver realmente livre e em segurança", afirmou, insistindo "noutra forma" de resolver o conflito. "Não é tarde para a vida, para os vivos. Não há outro caminho", concluiu.
Basel Adra, por seu lado, considerou "uma grande honra" a atribuição do Óscar a "No Other Land".
"Há cerca de dois meses, fui pai, e espero que a minha filha não tenha de viver a mesma vida que estou a viver agora, sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e as deslocações forçadas que a minha comunidade, Masafer Yatta, está a viver e a enfrentar todos os dias sob a ocupação israelita", disse o realizador.
"'No Other Land' reflete a dura realidade que enfrentamos há décadas e a que resistimos, ao mesmo tempo que apelamos ao mundo para que tome medidas sérias para pôr fim à injustiça e à limpeza étnica do povo palestiniano".
O documentário israelo-palestiniano não teve distribuidor nos Estados Unidos, tendo sido exibido apenas em cinemas selecionados de todo o país.
“Black Box Diaries”, “Porcelain War”, “Soundtrack to a Coup d’Etat” e “Sugarcane” estavam também nomeados para Melhor Documentário em Longa-Metragem.
O Óscar de Melhor Documentário em Curta-Metragem foi para “The Only Girl in the Orchestra”, vencendo sobre “Death by Numbers”, “I Am Ready, Warden”, “Incident” e “Instruments of a Beating Heart”.
O Óscar de Melhor Curta-Metragem em 'Live Action' foi para “I'm Not a Robot”. Estavam também nomeados “Anuja”, “A Lien”, “The Last Ranger” e “The Man Who Could Not Remain Silent".
“Duna: Parte Dois” conquistou ós Óscares de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais, deixando para trás “A Complete Unknown”, “Emilia Pérez”, “Wicked” e “Robot Selvagem”, no primeiro caso, e “Alien: Romulus”, “Better Man”, “O Reino do Planeta dos Macacos” e "Wicked", no segundo.
Antes da entrega do Óscar de Melhor Som, houve uma homenagem aos bombeiros de Los Angeles, na sequência dos incêndios, com a subida ao palco de comandantes de diferentes corporações.
A 97.ª edição dos Prémios da Academia decorre esta noite no Dolby Theatre, em Hollywood, com 52 filmes nomeados em 23 categorias.
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