A ministra da Cultura lamentou hoje a morte do realizador e programador de cinema Lauro António, aos 79 anos, considerando-o uma "personalidade ímpar da divulgação cinematográfica em Portugal".

Numa nota de pesar, em que apresenta sentidas condolências à família, Graça Fonseca sublinha que Lauro António começou a desenvolver o gosto pelo cinema, como muitos da sua geração, no movimento cineclubista, tendo sido membro do Cine-Clube Universitário de Lisboa e dirigente do ABC Cine-Clube, "verdadeiras escolas de cinema", como o próprio gostava de dizer.

Morte de Lauro António: ministra da Cultura recorda "personalidade ímpar da divulgação" do cinema em Portugal
Morte de Lauro António: ministra da Cultura recorda "personalidade ímpar da divulgação" do cinema em Portugal
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Lauro António morreu hoje de manhã, em casa, em LIsboa, em consequência de um ataque cardíaco fulminante. O funeral realiza-se na sexta-feira, às 14:15, em Lisboa, para o cemitério dos Olivais.

"Dinâmico e com vontade de dar a conhecer, Lauro António começou cedo a escrever sobre cinema, com a passagem por inúmeras revistas e jornais, como Isto é Cinema, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, A Capital ou Jornal do Fundão", recorda a ministra.

Acrescenta ainda a participação de Lauro António em programas de rádio e de televisão "que se tornaram icónicos junto do público português", entre os quais “Comarca das Artes” ou “Lauro António Apresenta”, que foi um "marco do seu incansável trabalho como divulgador da sétima arte", e que deu origem a um blogue homónimo, onde Lauro António continuava a publicar textos com regularidade.

As dezenas de obras que publicou são espelho da sua paixão pelo cinema, mas também de um "autor culto e transversal, que se aventurou no teatro e na poesia".

Do percurso de Lauro António como realizador, a ministra destaca “Manhã Submersa”, adaptação da obra homónima de Vergílio Ferreira, "autor que conhecia e trabalhava como poucos".

Através da escrita, do ensino, da programação de salas e da organização de festivais, Lauro António transformou a sua paixão pela arte cinematográfica, num saber que sempre quis partilhar com todos, assegura Graça Fonseca.

"Este é o seu grande legado, o de alguém que, em todas as suas facetas, enriqueceu a cultura portuguesa e deu a conhecer muito cinema aos portugueses. A sua obra é, por isso, não apenas aquilo que escreveu e aquilo que fez, mas também tudo aquilo que cada um de nós aprendeu sobre cinema com o seu trabalho dedicado e infatigável de divulgador", indica a ministra.

Em reconhecimento deste imenso legado, Lauro António recebeu, em 2018, o Prémio Sophia Carreira, atribuído pela Academia Portuguesa de Cinema, e, no mesmo ano, foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.