A atriz britânica vencedora de Óscares e antiga deputada Glenda Jackson morreu aos 87 anos.

"Glenda Jackson, atriz e política duas vezes vencedora do Óscar, morreu pacificamente na sua casa em Blackheath, Londres, esta manhã, após uma breve doença, com a família ao seu lado", informou o seu agente Lionel Larner em comunicado.

"Recentemente, ela terminou a rodagem de 'The Great Escaper', onde participava com Michael Caine", acrescentou.

Era um reencontro entre os dois atores, que trabalharam em "A Inglesa Romântica" (1975).

Glenda Jackson com Hugh Grant durante uma visita à rodagem de "Notting Hill" a 4 de maio de 1998

Nascida a 9 de maio de 1936, Glenda May Jackson começou pelo teatro, entrando na Royal Shakespeare Company em 1964 e tornou-se uma revelação no ano a seguir pela interpretação nos palcos em "Marat/Sade" de Charlotte Corday, a assassina de revolucionário francês Jean Marat, na encenação de Peter Brook. Posteriormente, entrou na versão para o cinema de 1967, também do dramaturgo.

Conhecida por aceitar papéis difíceis e controversos, que muitas colegas recusavam, a atriz tornou-se uma estrela internacional na década de 1970.

Conquistou dois Óscares com poucos anos de antecedência pelos filmes "Mulheres Apaixonadas" (1969, mas lançado nos EUA em 1970), de Ken Russell, com quem teve uma longa relação artística, e onde contracenava com Alan Bates e Oliver Reed, um trabalho controverso na época pelas cenas de nudez, e "Um Toque de Classe" (1973), de Melvin Frank, ao lado de George Segal, o segundo dos quais um prémio raro pois tratava-se de uma comédia romântica.

Nunca se deslocou a Hollywood para receber as estatuetas.

"Não se faz uma peça para competir por um prémio. Não os ganhei. Foram-me dados", explicou um dia.

Foi ainda nomeada mais duas vezes, por "Domingo, Maldito Domingo" (1971), de John Schlesinger, e "Hedda" (1975), de Trevor Nunn.

A sua intensidade serviu ainda para outro papel importante na carreira, o da Rainha Isabel I na minissérie da BBC "Elizabeth R." (1971).

"Duas Rainhas" (1971), "Tchaikovsky, Delírio de Amor" (1971), "O Triplo Eco" (1972), "A Amante de Nelson" (1973), "O Sorriso do Grande Sedutor" (1974), "A Incrível Sarah" (1976), "O Hábito Não Faz a Freira" (1977), "A Incrível Stevie" (1978), "Visitas de Médico" (1978), "Perdido e Achado" (1979), "O Espião Mais Perigoso do Mundo..." (1980), "O Regresso do Soldado" (1982) e "Ele, Ela e a Tartaruga" (1985) foram outros filmes, mas os maiores estímulos vinham dos palcos.

Destacando-se pelo ativismo e opiniões fortes, acabaria por abandonar a carreira no auge para se tornar política dedicada aos "pobres, desempregados e doentes", sendo eleita deputada pelo Partido Trabalhista entre 1992 e 2015. Chegou a visitar Portugal quando era Ministra dos Transportes no governo de Tony Blair, no âmbito da Expo-98. Em 2003, foi uma das principais vozes críticas à invasão do Iraque.

Num de seus discursos mais memoráveis e polémicos no Parlamento, criticou sem piedade o legado da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher no dia do seu funeral em 2013.

"A primeira primeira-ministra do género feminino, ok. Mas uma mulher? Não de acordo com os meus termos", disse.

Retirada da política, retomou a carreira de atriz e ganhou um Bafta da Academia Britânica pelo regresso no telefilme "Elizabeth Is Missing" (2019).