O realizador brasileiro Walter Salles e o britânico Mike Leigh vão marcar presença no Lisbon & Sintra Film Festival (LEFFEST), que decorre em novembro e no qual o português João Botelho será homenageado com uma retrospetiva, foi hoje anunciado.
A programação da 12.ª edição do festival, que decorre de 16 a 25 de novembro em vários espaços de Lisboa e de Sintra, foi hoje apresentada numa conferência de imprensa no Palácio Nacional de Queluz, em Queluz, concelho de Sintra.
Walter Salles, que faz parte do júri desta edição do festival, irá apresentar uma sessão especial que assinala o 20.º aniversário do filme "Central do Brasil", com o qual venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim, em 1998.
Mike Leigh será homenageado com uma retrospetiva integral das suas longas-metragens, entre as quais “Um Dia de Cada Vez" ("Happy-Go-Lucy"), “Tudo ou Nada” e “Segredos e Mentiras”.
João Botelho, “um cineasta absolutamente fundamental do cinema português", nas palavras do diretor do LEFFEST, o produtor Paulo Branco, será “o grande homenageado” do festival, com “a mais completa retrospetiva da sua obra até à data, a primeira em Portugal”.
Entre os convidados desta edição do festival, já com presença assegurada, estão também norte-americano Paul Schrader, cujo trabalho enquanto realizador será alvo de uma retrospetiva integral, que inclui filmes como “American Gigolo”, “Confrontação” e “Como cães selvagens”, e o realizador italiano Mario Martone, autor de filmes como “Rasoi”, “O odor do sangue” e “Noi credavamo”, homenageado com uma retrospetiva integral das suas longas-metragens de ficção.
O programa do festival inclui também uma retrospetiva integral dos filmes do realizador cazaque Darezhan Omirbayev, outra das personalidades com presença garantida nesta edição.
Nesta edição, explicou Paulo Branco, a organização decidiu “reduzir um pouco o número de filmes [na Seleção Oficial], para dar mais visibilidade aos escolhidos”.
Hoje, foram anunciados dez filmes que estarão em competição, “alguns já exibidos em festivais internacionais, onde tiveram o apoio da crítica”, e doze que serão exibidos fora de competição, “que representam o que de mais importante se produziu este ano no cinema independente e não só”.
A organização sublinhou que “ambas as secções não estão fechadas” e “oportunamente serão divulgados outros filmes”.
Entre os filmes em competição estão “A Portuguesa”, de Rita Azevedo Gomes, “L’Homme fièle”, de Louis Garrel, “Sedução da carne”, de Júlio Bressane, e “Vox Lux”, de Brady Corbet.
Já a lista de filmes fora de competição inclui “High life”, de Claire Denis”, “Loro 1” e “Loro 2”, de Paolo Sorrentino, “Shoplifters”, de Kore-eda Hirokazu (Palma de Ouro no Festival de Cannes), e “Touch me not”, de Adina Pintilie.
O júri desta edição é constituído por Walter Salles, a pianista argentina Martha Argerich, o escritor e realizador norte-americano Jonathan Littell (que marcará presença no festival), o pianista norte-americano Stephen Kovacevich, a cantora, compositora e atriz norte-americana Christa Bell e o artista português Jorge Queiroz.
Nas sessões especiais serão exibidos, entre outros, “Caminhos magnéticos”, de Edgar Pêra, e “Ainda tenho um sonho ou dois – a história dos Pop Dell’Arte”, de Nuno Galopim e Nuno Duarte, “Works in Progress”, de Mathieu Amalric, e “Piazzolla, los años del tiburón”, de Daniel Rosenfeld.
Os temas do festival
Paulo Branco destacou ainda “três temas que não atravessar o festival”: o realizador norte-americano David Lynch, os novos fascismos e a utopia.
Sob o tema “Waiting for Mr.Lynch”, “que permite fazer a revisitação dos últimos dez anos” de trabalho de “um artista completo”, mostrando “fotos dele e tendo pessoas muito ligadas a ele a mostrar a sua obra”.
“E ele poderá passar por aqui. Não há uma recusa, mas diz que para já não sabe se consegue vir. Mas vamos trazer alguns amigos dele”, revelou Paulo Branco.
Durante o festival, a 17 de novembro, é inaugurada, no MU.SA, em Sintra, a exposição “Small Stories”, que inclui 55 fotografias analógicas, de grande escala, da autoria de David Lynch.
Também no âmbito do festival, será inaugurada a mostra “Psychogenic Fugue”, que inclui uma série de fotografias, da autoria de Sandro Miller, nas quais o ator John Malkovich é retratado na pele de personagens da obra de David Lynch.
O programa dedicado a Lynch inclui também a exibição de filmes do realizador.
Os ciclos temáticos desta edição decorrem sob os temas “Neoliberalismo – a semente do populismo e dos novos fascismos?” e “O desejo chamado ‘Utopia’”.
“[O primeiro será o mote para] refletirmos sobre o que está a passar-se à nossa volta. Provavelmente não nos apercebemos do que se está a passar e está a fazer renascer tempos que nunca pensámos reviver”, referiu Paulo Branco.
Já o segundo, “que tem muito que ver com o primeiro”, terá o foco na utopia, “algo que impele a tentar outras visões e maneiras de viver, mas tem também o perigo de ser um caminho que abre presença de utopias que podem ser gravíssimas”.
A vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, e o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, salientaram a importância destes dois ciclos temáticos, lembrando o autarca que “tão importante como ver os efeitos é analisar as causas”.
Entre os espetáculos que irão realizar-se no âmbito do LEFFEST está apenas confirmado, para já, “Dub Love – O desafio da gravidade e do etéreo”, que junta a artista performática argentina Cecilia Bengolea e o coreógrafo e bailarino francês François Chaignaud.
O LEFFEST irá decorrer no Cinema Monumental, no Espaço Nimas e no Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa, no Centro Cultural Olga Cadaval e no MU.SA – Museu das Artes de Sintra, em Sintra, e no Palácio Nacional Jardins de Queluz.
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