Jacques Audiard ficou com mazelas da corrida aos Óscares de "Emília Pérez", uma temporada de campanha que comparou a uma "guerra aberta".

O filme liderava a corrida com 13 nomeações, um recorde para uma produção não falada em inglês, mas conquistou apenas duas estatuetas na cerimónia de 2 de março: Melhor Atriz Secundária para Zoe Saldaña e Melhor Canção para "El Mar", onde um dos premiados foi o próprio realizador francês.

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Entre as derrotas, destaca-se a da categoria de Melhor Filme Internacional para o brasileiro "Ainda Estou Aqui", onde era o favorito praticamente desde a antestreia mundial no Festival de Cannes em maio, onde recebeu dois prémios.

Especula-se que terá sofrido o impacto de várias controvérsias, como ser um filme cuja ação se passa no México, mas com poucos mexicanos no elenco ou na equipa e filmado em estúdios de Paris. A representação de temas transgénero e da violência dos cartéis de drogas e contra as mulheres também gerou críticas.

Já após o anúncio das nomeações dos Óscares, afirmações antigas que ressurgiram da protagonista Karla Sofia Gascón, de caráter racista e xenófobo, quase fizeram a campanha da Netflix implodir.

Esta quarta-feira, Jacques Audiard revelou que a experiência não tem comparação com a primeira vez que esteve na corrida, quando "Um Profeta" foi nomeado para Melhor Filme Internacional na cerimónia de 2010.

"Foi difícil, competitivo; não estamos necessariamente habituados aqui a esse nível de competição, mas naquela época foi uma brincadeira de crianças. Agora, tornou-se uma guerra aberta entre produtoras, distribuidoras e estúdios. É cansativo e faz as pessoas perderem de vista o cinema", lamentou numa entrevista de rescaldo à rádio France Inter.

E acrescentou: "Temos que estar preparados para lançar os maiores insultos uns contra os outros".

Para o realizador, as pessoas ligadas à indústria, ao capital e ao comércio "criam esta tensão", juntamente com a "fabricação de opinião e notícias falsas" nas redes sociais.

Após tudo o que aconteceu ao longo da temporada, a cerimónia acabou por ser muito tranquila.

"Hollywood é um mundo de dinheiro", sublinhou.

"Não é o Donald Trump que vai fazer o dinheiro crescer? Portanto, nada será dito abertamente em Hollywood; existe um código de silêncio.", garantiu.

OIÇA A ENTREVISTA.