O uso de verbos como 'matar' ou 'assassinar' é uma tendência crescente no cinema dos últimos 50 anos, um aumento que se observa tanto nas personagens masculinas como femininas, e não apenas nos filmes policiais.
Uma investigação publicada pela Jama Pediriatrics e liderada pela Ohio State University (EUA) analisou uma base de dados com legendas de mais de 160 mil filmes em inglês para extrair diálogos referentes a ações de personagens em 166.534 filmes, entre 1970 e 2000.
A equipa calculou o número de diálogos de personagens que utilizaram variações dos verbos 'assassinar' ou 'matar', apenas na sua forma ativa, não passiva, ou perguntas, pelo que consideram provável que haja mais violência nos filmes do que calcularam em termos de diálogo.
O uso daquilo a que os investigadores chamam "verbos assassinos" variou "muito de ano para ano", mas "houve uma tendência clara" ao longo das cinco décadas, explicou Brad Bushman, da Universidade Estadual de Ohio e um dos signatários da investigação.
No total, cerca de 7% dos filmes continham este tipo de verbos nos diálogos do período estudado, detalhou a universidade, em comunicado.
O investigador salientou ainda que as personagens dos filmes não policiais "também falam mais sobre matar e assassinar atualmente do que há 50 anos", segundo um comunicado da universidade.
Bushman indicou que noutros géneros não se fala tanto de matar como nos policiais, mas observou "um aumento da violência em todos os géneros".
Outra descoberta assinalável foi que a linguagem violenta aumentou tanto nas personagens masculinas como nas femininas, embora estas últimas não tivessem tantos diálogos deste tipo, frisou o cossignatário do estudo, Babak Fotouhi, da Universidade de Maryland (EUA).
"As nossas descobertas sugerem que as referências ao assassinato nos diálogos dos filmes não só são muito mais frequentes do que na vida real, como também aumentam com o tempo", o que é mais uma prova de que a violência está mais presente do que na vida real nos filmes que vemos, acrescentou Fotouhi.
Embora não seja claro durante quanto tempo a tendência de aumento da violência se vai manter, "as provas sugerem que é altamente improvável" que tenha sido atingido um ponto de inflexão", segundo Bushman.
Os filmes tentam competir pela atenção do público e "os estudos mostram que a violência é um dos elementos que mais envolve o público", apontou Fotouhi, razão pela qual se deve promover "o consumo consciente e a literacia mediática para proteger as populações vulneráveis, especialmente as crianças".
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