"La Passion de Dodin Bouffant", de Tran Anh Hung, e "La Sociedad de la Nieve", de Juan Antonio Bayona,  representarão respetivamente a França e Espanha na candidatura a uma nomeação para a 96.ª edição dos Óscares de 2024 na categoria de Melhor Filme Internacional.

Os dois países perseguem um prémio que lhes escapa há muitos anos: a França, que tem menos duas estatuetas do que a recordista Itália, teve a última das 12 vitórias com "Indochina" (1992), de Régis Wargnier, enquanto que "Mar Adentro" (2004), de Alejandro Amenábar, foi a mais recente das quatro vitórias de Espanha.

A Espanha foi uma presença regular nas nomeações até aos anos 1990 e a França até à primeira década do século XXI, mas desde então têm sido ultrapassados por produções da Dinamarca, Suécia, Polónia e Alemanha, além do Irão e países da América Latina e Ásia.

Também pouco representados entre os finalistas, as últimas nomeações dos dois países foram em 2019, com "Dor e Glória", de Pedro Almodóvar, e "Os Miseráveis", de Ladj Ly.

"La passion de Dodin Bouffant"

No caso do francês "A Paixão de Dodin Bouffant" (tradução literal), trata-se de uma "vingança" de Cannes, já que o comité de seleção foi reformado pela Ministra da cultura Rima Abdul-Malak por causa da perceção de que eram favorecidos os premiados no festival, depois da candidatura em 2021 de "Titane", a Palma de Ouro de Julia Ducournau, em detrimento de "O Acontecimento", de Audrey Diwan, Leão de Ouro em Veneza.

Ora o eleito francês valeu o prémio de Realização de Cannes ao cineasta Tran Anh Hung (famoso por "O Odor da Papaia Verde", de 1993).

Com as grandes estrelas Juliette Binoche e Benoît Magimel (parceiros românticos entre 1998 e 2003 e que têm uma filha), o filme, que chega às salas francesas a 8 de novembro, foi selecionado a partir de uma lista de cinco longas-metragens que incluía a Palma de Ouro "Anatomie d’une chute", de Justine Triet.

Adaptado de um romance suíço de 1920, a história acompanha a dupla formada no final do século XIX pelo gastrónomo Dodin (Magimel) e pela cozinheira Eugénie (Binoche), unidos por uma cumplicidade pessoal e culinária.

"La Sociedad de la Nieve"

Bayona, realizador de "O Orfanato" (2007), que o lançou numa carreira internacional onde surgiram "O Impossível" (2012), "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" (2016) e "Mundo Jurássico: Reino Caído" (2018), regressou ao seu idioma para uma produção com atores uruguaios e argentinos, muitos deles estreantes, que teve antestreia mundial no último Festival de Veneza e será lançada até ao final do ano pela Netflix.

“A Sociedade da Neve” (tradução literal) recria a história épica do que aconteceu nos Andes em 1972, quando caiu um avião da Força Aérea Uruguaia que transportava uma equipa amadora de rugby para o Chile, e os jovens sobreviventes passaram mais de dois meses num canto gelado de uma parte inacessível da cordilheira, recorrendo ao canibalismo para a sua sobrevivência.

Se a história parece familiar é porque já teve outra versão no cinema, mas em inglês: "Estamos Vivos", de 1993, com Ethan Hawke e Vincent Spano nos principais papéis.

"Precisámos de dez anos para financiar este filme e poder fazê-lo em espanhol”, disse Bayona ao saber da notícia, segundo o comunicado da Academia de Cinema de Espanha.

É a segunda vez que o cinema espanhol propõe um trabalho de Bayona ao Óscar de Melhor Filme Internacional, depois de "O Orfanato", que não chegou às nomeações nem ao grupo de finalistas.

Uma pré-seleção de 15 finalistas internacionais será revelada a 21 de dezembro de 2023. As nomeações serão conhecidas a 23 de janeiro e a cerimónia está marcada para 10 de março em Los Angeles.