O musical "Emilia Pérez", de Jacques Audiard, foi selecionado pela França para competir na categoria de Melhor Filme Internacional na cerimónia dos Óscares de março de 2025, anunciou o Centro Nacional de Cinematografia francês esta quarta-feira.

Com estreia nos cinemas portugueses anunciada para 14 de novembro, o filme, em castelhano, é uma mistura de 'thriller' e musical que narra o arrependimento de um traficante de drogas mexicano que decide mudar de vida e começar a sua transição.

Ganhou Prémio do Júri no último Festival de Cannes e um coletivo para as suas protagonistas, a atriz trans espanhola Karla Sofía Gascón, as atrizes norte-americanas Zoe Saldaña e Selena Gomez e a atriz mexicana Adriana Paz.

Gascón foi a primeira atriz trans a ganhar esse prémio em Cannes.

Atualmente, "Emilia Pérez" é visto como o favorito na categoria onde Portugal apresentou a candidatura de "Grand Tour", que valeu a Miguel Gomes o prémio da realização em Cannes e chega esta cinema às salas nacionais.

Os outros finalistas em França eram a super produção "O Conte de Monte Cristo", de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte; "All We Imagine as Light", de Payal Kapadia; e "Misericordia" ,de Alain Guiraudie.

Recorde-se que o comité francês que escolhe os finalistas passou a ter mais membros para reforçar a sua independência. A reforma foi vista como uma resposta à grande polémica do ano passado no interior da indústria francesa, quando "Anatomia de uma Queda", de Justine Triet, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, foi preterido em favor de “O Sabor da Vida”, de Trần Anh Hùng, como a candidatura ao Óscar de Melhor Filme Internacional.

Muitos no interior da indústria interpretaram a decisão como o resultado de pressões e uma 'punição' por Triet ter criticado o governo do presidente Emmanuel Macron durante o seu discurso em Cannes.

Outros defenderam que algumas pessoas do comité escolheram um filme mais 'tradicional' por manterem a imagem de que os votantes dos Óscares na categoria são mais velhas e nostálgicas, não levando em conta que a Academia se tornou mais jovem e diversificada.

A França acabou por deixar 'fugir' a melhor oportunidade de ganhar numa categoria que não ganha desde "Indochina" (1992) e onde nem sequer tem nomeados desde 2020: a drama histórico com Juliette Binoche e Benoît Magimel foi um dos 15 finalistas, mas falhou a nomeação, enquanto o drama jurídico de Triet teve uma grande trajetória, conseguindo cinco nomeações, incluindo Melhor Filme, Realização e Atriz (Sandra Hüller), conquistando a estatueta de Melhor Argumento Original.

O comité já tinha passado por uma reforma recente após outra escolha controvérsia em 2021, quando "Titane", vencedor da Palma de Ouro, mas considerado uma proposta mais 'difícil', foi escolhido em vez de "O Acontecimento", que ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza.

A decisão foi encarada como outra oportunidade perdida pois a história do segundo centrava-se numa jovem que tentava obter acesso a um aborto, tema que estava na ordem do dia nos EUA.