Esta sexta-feira, o governo de Hong Kong concedeu a um comité de censura o poder de proibir qualquer filme que seja considerado uma ofensa à segurança nacional - um novo golpe para a liberdade política e cultural no território.
Num ano, o clima político deteriorou-se consideravelmente na antiga colónia britânica com a dura repressão ao movimento pró-democracia que organizou as manifestações em 2019 contra a ingerência de Pequim.
Num comunicado, o Executivo de Hong Kong indicou que estava a ampliar o texto que rege a censura a qualquer atividade que "ameace a segurança nacional".
"Quando analisa o filme no seu conjunto e o seu impacto nos espectadores, o censor deve levar em conta a sua obrigação de prevenir e impedir qualquer ato, ou atividade, que possa constituir uma ameaça para a segurança nacional", afirma a nova diretriz.
O texto, com efeito imediato, também afirma que cabe ao censor, em nome do "povo de Hong Kong", "salvaguardar a soberania, a unificação e a integridade territorial da República Popular da China".
Na China continental, raramente é permitido que filmes ou documentários ocidentais sejam exibidos nos ecrãs do país.
Durante muito tempo, Hong Kong foi um importante polo do cinema asiático e, no seu auge, foram produzidos até 200 filmes em cantonês, recebidos com entusiasmo por cinéfilos da Ásia e de todo mundo.
O famoso ator Bruce Lee, o mestre das artes marciais, foi uma das suas figuras de destaque.
A cidade continua a ter estúdios de cinema, realizadores de renome e um movimento independente muito ativo. No entanto, as autoridades parecem exercer um controlo cada vez maior sobre o mundo cultural e artístico de Hong Kong.
Em março, um documentário sobre o bloqueio de estudantes pró-democracia na Universidade PolyU, em novembro de 2019, foi retirado da programação horas antes da sua estreia.
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