O documentário "Fantasmas do Império", da realizadora francesa Ariel de Bigault, que aborda a presença do colonialismo no cinema português, estreia-se em sala a 3 de junho, foi hoje anunciado.

O filme, que integrou em 2020 o festival IndieLisboa, atravessa um século de cinema português, no qual o colonialismo foi abordado tanto na perspetiva da ficção como do documentário.

Ariel Bigault coloca em diálogo dois atores africanos - o angolano Orlando Sérgio e o são-tomense Ângelo Torres - com realizadores e investigadores, numa reflexão sobre a forma como o colonialismo, e a descolonização, ficaram registadas em filme.

Em nota de imprensa, a realizadora afirma que "o olhar sobre as colónias foi mudando", desde a narrativa construída pelo Estado Novo de "convivência entre colonizadores e colonizados" até ao pós-25 de Abril, que "ficou em silêncio, porque ninguém queria falar desse passado colonial".

"Esta longa e complexa história, estas memórias e imaginários, são património comum e merecem ser descobertas, ou redescobertas”, afirma a realizadora.

"Fantasmas do império" conta também com a participação de vários realizadores que abordaram esta temática, nomeadamente Fernando Matos Silva, Margarida Cardoso e Ivo M. Ferreira, e também com o diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, e a investigadora Maria do Carmo Piçarra.

Ariel de Bigault nasceu em França, mas o percurso de trabalho passa, há mais de três décadas, pelo universo da lusofonia, entre Portugal, Brasil e África.

É autora da série documental "Eclats noirs du samba" (1987), na qual faz uma pesquisa sobre a criação artística afro-brasileira, com a participação de nomes como Gilberto Gil, Zezé Motta e Paulo Moura.

Assinou ainda antologias de música de Cabo Verde e de Angola e fez os documentários "Afro Lisboa" (1996) e "Margem Atlântica" (2006).